ENTREVISTA ESPECIAL: Agnaldo Timóteo

Rompendo barreiras para o sucesso


Apesar dos obstáculos, Agnaldo Timóteo comemora os 37 anos de uma carreira sólida


Agnaldo Timóteo: Polêmico, mas um artista de verdade

Já são 37 anos de carreira, mas de 49 discos e Cds gravados, milhões de cópias vendidas e  muitos prêmios conquistados. Reconhecidamente polêmico e atuante esse é Agnaldo Timóteo. Mineiro de Caratinga, Agnaldo é um dos maiores cantores de grande extensão vocal dramática e de estilo romântico arrebatador, principalmente durante os anos 60, onde ficou em maior evidência. Apesar da perseguição que sofre por parte de jornais e emissoras de Fm no Brasil, o cantor tem plena consciência da qualidade de seu trabalho que é reverenciado por uma legião de admiradores de longa data.

Como todo iniciante, Agnaldo Timóteo esbarrou em muitas obstáculos até chegar ao apogeu. Ele começou se apresentando em shows de calouros e circos no interior de Minas Gerais até ir para o Rio de Janeiro, em 1960, em busca da fama. Teve vários outros empregos até conseguir uma oportunidade no programa Hoje É Dia de Rock. Em 1965 gravou seu primeiro disco, "Surge um Astro", pela Odeon. Desde então não parou mais de gravar e fazer sucesso, tendo inclusive lançado discos em países como México, Estados Unidos e Inglaterra.

Sua carreira foi marcada por grandes sucessos como "A Casa do Sol Nascente" (Alan Price/ versão de Fred Jorge), "Cartas de Amor" (Victor Young/ versão de Osvaldo Santiago), "Amor Proibido" (Dora Lopes/ Clayton), "Meu Grito" (Roberto/ Erasmo Carlos), "Os Brutos Também Amam", "A Noiva", "Aline", "Quem Sabe?" (Carlos Gomes). Em 1982 se lançou na política e foi eleito deputado federal pelo PDT do Rio de Janeiro, numa votação expressiva onde alcançou cerca de 500 mil votos.  Vale lembrar que em 1996 foi candidato ao governo do Estado do Rio, e anos depois concorreu como vereador pelo PPB.

Agnaldo, durante ao longo da carreira, fez várias participações especiais em discos de outros intérpretes.   Altemar Dutra, Angela Maria, Cauby Peixoto, por exemplo, são alguns desses nomes. O cantor também teve o privilégio de fazer parcerias em seus discos com artistas   ilustres  da MPB como: Fagner, Tetê Espíndola, Nana Caymmi, Gracindo Junior, Ângela Maria, Chitãozunho e Xororó, Fábio Jr., Cauby Peixoto. Agnaldo já realizou vários especiais para Televisão, inclusive, para TV Mexicana e, programas consagrados. Só para citar alguns podemos destacar Chacrinha, Silvio Santos, Flávio Cavalcanti, Aírton e Lolita Rodrigues (Almoço com as estrelas), Raul Gil.

Quem pensa que tudo acabou por aí está redondamente enganado. Agnaldo Timóteo está em fase de divulgação de seu 50º trabalho, intitulado "Feitiço do Rio".  Segundo ele, um álbum surpreendente voltado para a Bossa Nova e o Samba. Mais surpreendente ainda, para os que o consideram polêmico, é a sua atuação na Casa dos Artistas 3, um reality show de grande audiência do SBT. No programa, Agnaldo vem demonstrando ser bastante amigo, conselheiro e conquistando, dessa maneira, uma legião de fãs. Certamente é um dos fortes candidatos à vitória pela simplicidade, carisma e seu espírito de união.

Antes de entrar para a Casa 3 entrevistamos Agnaldo Timóteo a fim de que todos possam conhecer ainda mais o trabalho do cantor. Você que não viveu intensamente as décadas de 70 e 80, fique por dentro desse bate-papo sincero, onde Agnaldo mostra toda personalidade em suas respostas sobre os mais variados temas. Confira!

 

SITE OFICIAL -> http://www.agnaldotimoteo.com.br

Marcus Vinicius Jacobson

Reportagem

Entrevista publicada no dia 11/06/2002

Agnaldo Timóteo dribla todas as
dificuldades e comemora os 37 anos de uma carreira vitoriosa

1) Qual avaliação que você faz da sua carreira até os dias de hoje?

Apesar das enormes dificuldades, principalmente em relação aos formadores de opinião, tais como: jornais e emissoras de FM, considero ter uma carreira vitoriosa. Afinal, não se chega aos 37 anos de carreira sem ter talento e absoluta identidade com seus admiradores.

2) Você acredita que fazer sucesso no Brasil hoje está mais fácil do que antigamente?

Se considerarmos a série de artistas que cantam com seus maravilhosos corpos, acredito que seja muito mais fácil. Se considerarmos o peso dos programas de televisão, que impõem artistas sem o menor talento, que vou declinar de citar nomes por absoluto respeito aos meus colegas, concluo que é muito mais fácil. Hoje dependemos muito mais da simpatia dos grandes produtores de programas de televisão que do nosso próprio talento.

3) Como você está vendo o atual mercado da música popular brasileira?

Se percebermos as enormes dificuldades das gravadoras com relação ao mercado paralelo, com discos falsificados (piratas), a situação é muito delicada. Eu entendo que a música brasileira são todas as músicas cantadas em português e as compostas por autores brasileiros. Porém, lamentavelmente, na opinião dos formadores de opinião dos mais conceituados veículos de comunicação, MPB se restringue as músicas de Caetano Veloso, Gilberto Gil, Marisa Monte, entre outros que são segmentados neste grupo. Que ressalvo, artistas de talento. Porém, quando se trata de Waldick Soriano, Angela Maria, Agnaldo Timóteo, Agnaldo Rayol, Cauby Peixoto, somos apenas cafonas. Na minha opinião, Música Popular Brasileira é uma só e não deveria ter esta distinção que dificulta ainda mais nosso trabalho.

4) A mídia e muitos criticos acreditam que você e vários artistas da sua geração estão ultrapassados. Como você se sente a respeito dessas críticas ao seu trabalho?

Se a opinião destas figuras valesse para determinar a aceitação ou não do nosso trabalho por parte do público, alguns artistas estariam até hoje fazendo enorme sucesso e desapareceram, porque foram verdadeiros estrelas da grande mídia. Vamos citar, por exemplo, Chico Buarque de Holanda que, apesar da grande fama, tem vários anos que não tem mais um novo grande sucesso. Se considerarmos o que canta Fafá de Belém, o que canta Sandra de Sá e todos os outros colegas nossos, considerando o sucesso do espetáculo ´As cantoras do Rádio´ e o ´boom´ de musicais que celebram grandes artistas como: Dalva de Oliveira, Linda e Dircinha Batista, Elis Regina, Carmem Miranda, não estamos superados. Continuamos queridos. Continuamos talentosos.

5) Você acredita que romperia barreiras e acabaria com os preconceitos com a sua participação num programa líder de audiência como é a Casa dos Artistas?

Dificilmente. O preconceito já está enraizado. Mas sem dúvida alguma, participando da Casa dos Artistas, tentarei mostrar o cidadão Agnaldo Timóteo tão discriminado pelas emissoras FM que toca Julio Iglesias e não me toca. Toca Frank Sinatra, mas não toca Cauby Peixoto. Toca qualquer coisa. Toca pagode, mas não toca Emilinha Borba. Toca Funk, mas não toca Moacir Franco. Porém, sem dúvida alguma, vamos tentar romper algumas barreiras.

O cantor em um momento de descontração na Casa dos Artistas 3

6) Fale pra gente sobre seu 50º trabalho, intitulado "Feitiço do Rio".

Um trabalho surpreendente, jamais imaginado por mim até então. Sinceramente nunca me imaginei cantando Bossa Nova e Samba. Mas fui absolutamente feliz na seleção das músicas, na seleção do José Messias como produtor, dos arranjos do maestro Edvaldo Santos, bastante feliz nas interpretações. Estou bastante contente. É um CD raro, talvez do ponto de vista de qualidade, o melhor da minha carreira.

7) Você está divulgando seu novo CD através do ´Espaço Musical CD Rua´. Por que você optou por vender e divulgar seu trabalho nas ruas, o que até então é uma atitude inédita entre os cantores?

Para ter o prazer de ter as pessoas que nos admiram diante de nós. Comprando e recebendo nosso trabalho autografado. É emocionante, não tem nenhum demérito ou conotação pejorativa. É uma coisa nova e maravilhosa que estou fazendo e aguardando que meus colegas, os mais audaciosos, também o façam. A FUNJOR está nos ajudando a incentivar e dar condições para que estes outros artistas juntem-se a nós.

8) Qual o melhor momento que você vivenciou ao longo de seus 38 anos de carreira?

Sem dúvida alguma, meu melhor momento como artista e cidadão foi a consagração de 1982 quando conquistei uma votação histórica em nosso país (mais de 500 mil votos) que fez do Agnaldo Timóteo cantor e cidadão o deputado mais votado do Brasil para o seu primeiro mandato.

9) Quais seus próximos projetos na carreira?

Peço para não decliná-los, pois quando criei o projeto ´Popular Brasileiro´ ele foi furtado por uma gravadora. Como mandei o projeto para todas, uma delas não teve o menor constrangimento em usar com outro cantor. Inclusive a idéia do projeto foi dada pelo Benito di Paula. Se desejarem copiar algum passo, que sigam minha ações em defesa da classe artística e colaborem com a FUNJOR (Fundação José Ricardo).

Agnaldo ao lado de seus inseparáveis amigos de longa data

10) Deixe uma mensagem final pra grande legião de fãs e para os que ainda não conhecem você de perto.

Eu fico muito agradecido a todos que queiram saber um pouco da vida deste cidadão que chega aos seus 65 anos com a mais absoluta dignidade, ainda em grande evidência, que saiu de casa aos 15 anos e não se prostituiu, não se vulgarizou e nem seguiu caminhos errados. Porque continuou sendo o mesmo cidadão voltado para sua família e com amor e respeito aos seus semelhantes. Semi alfabetizado, tendo que aprender com suas experiências pela vida. Espero que as pessoas se sintam, pelo menos, com boa vontade em conhecer um pouco da minha vida. Para todos que fazem e visitam este site, minha gratidão e meu sincero abraço. Aguardo vocês em meu site !

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