ENTREVISTA
ESPECIAL : As Galvão
As
vozes célebres da música sertaneja
îcones do gênero, as irmãs Galvão
continuam despontando pelo país a fora e conquistando muitos prêmios
Ícones da música sertaneja, com mais de 60 anos de carreira, 66 discos produzidos, mais de 300 músicas gravadas reconhecidas em todo país, além de discos de ouro e platina e prêmios importantes da música nacional. Estamos falando das irmãs Mary e Marilene, mais conhecidas como As Galvão. A dupla feminina, de maior prestígio em atividade no Brasil, continua a encantar seu público cativo e a conquistar novos fãs e, com todo gás, fazendo shows pelo país. Para provar tudo isso, basta ouvir o mais recente trabalho da dupla, intitulado Faz o Povo Balançar. Com composições assinadas por grandes nomes como Elias Muniz, Moacyr Franco, Renato Teixeira, Herivelto Martins, Carlos Randall, entre outros, este CD é um daqueles que não pode faltar na coleção de quem aprecia excelência na qualidade vocal e interpretação musical, além de arranjos impecáveis, repertório criterioso e de um bom gosto indiscutível. O interesse pela música veio desde infância. Marilene aprendeu a tocar viola e violão e Mary, sanfona. Mary começou a cantar aos seis anos e Marilene um ano depois ao ouvirem os pais cantando em dueto os sucessos da Rádio Nacional do Rio de Janeiro (maior celeiro de talentos de que já se ouviu falar). Em 1947, apresentaram-se em Sapezal, interior de São Paulo, onde moravam. Com o apoio da família, as meninas passaram a se apresentar em programas de auditório na Rádio Marconi, em Paraguaçu Paulista, levantando admirações. Quase dois anos depois passaram a atuar no programa "Pingo de gente", na Rádio Difusora de Assis (SP), com o salário de 20 cruzeiros mensais. Em 1950, foram contratadas pela Rádio Clube Maringá. Em 1952, foram para São Paulo com os pais, convidadas por Miguel Leuzi, radialista incentivador da música cabocla. O convite introduziu a dupla no programa "Torre de Babel", da Rádio Piratininga. As irmãs começaram no programa a atuar ao lado de artistas já famosos como Nélson Gonçalves e Dolores Duran. No mesmo período também atuaram no programa "Tenda de Salomão", da mesma emissora. Foram então contratadas pela Rádio Nacional de São Paulo e passaram a se apresentar em programas da emissora e associadas, como "Ronda dos bairros" e "Caravana de alegria", transmitidos do Cine Oásis. Ainda em 1952, estrearam na Rádio Bandeirantes no programa "Serra da Mantiqueira", com o comando de Biguá e Capitão Barduíno. Encontraram os ídolos que costumavam ouvir antes com o pai pela Rádio Record, única emissora da capital que alcançava o interior: Cascatinha e Inhana, Serrinha, Caboclinho e Riellinho e Tonico e Tinoco, já renomados artistas. No mesmo ano foram convidadas a gravar por Biguá, encarregado do setor sertanejo da RCA. Uma das canções escolhidas para o disco foi Não me abandones, de Zacarias Mourão e Zé do Rancho. Em 1953, foram para a Rádio Cultura e receberam do animador Osvaldo Soares, do programa "Domingo alegre", o slogan: "Uma sanfona, um violão, duas jovens criativas que formam o duo Irmãs Galvão". Em 1955 gravaram Rincão guarany e Carinha de anjo. Após rápida passagem pela Rádio América, foram contratadas pela Rádio Bandeirantes, lá permanecendo por 10 anos. Em 1959 gravaram na Chantecler os boleros mambo Povo, de Valdez e Carlos Américo e Filhinho teu, de Moreninho e Bom Junior. No mesmo ano alcançaram sucesso com a guarânia Quero beijar-te as mãos, de Arsênio de Carvalho e Lourival Faissal. Em 1960 gravaram na Philips os boleros Pressentimento, de Nízio e Triste abandono, de J. M. Alves e Zacarias Mourão. Na Bandeirantes, as Irmãs Galvão incursionaram em interpretações do repertório da MPB, acompanhadas por Sílvio Mazzuca e sua Orquestra, sem jamais abandonar o gênero sertanejo. Em 1962 gravaram na RCA, de Nhô Filho o rasqueado Fim de baile, de Nonô Basílio, o bolero Grande verdade e de Jeca Mineiro a cançao rancheira Sorriso amargo. Em 1963 gravaram o corrido Fronteiriça, de Jesus Ramos e Ariovaldo Pires e a guarânia Pecado loiro, de Biá e Zacarias Mourão. Em 1973, afastaram-se da vida artística, retornando em 1979 com o LP "Riozinho", com o qual venceram o Festival Nacional de Música Sertaneja. No mesmo ano gravaram Pinho sofredor, de Ariovaldo Pires e Fêgo Camargo. Abertas às novas tendências da música regional, foram a primeira dupla a gravar lambada, recebendo um disco de ouro com a música No calor dos teus braços, de Nicério Drumond e Cecílio Nenna, em 1986. Em 1992, lançaram um novo LP pela Warner, com a produção de Paulo Debétio, em que interpretavam composições de Chico Buarque, Vinícius de Morais, Baden Powell, João Bosco e Raul Seixas, ao lado de José Fortuna, Paulo Debétio e outros compositores sertanejos. Esse disco foi o 51º das Irmãs Galvão, também lançado em CD. Neste trabalho estão sucessos que marcaram época, como Meu primeiro amor, Negue e As rosas não falam. Em 1993, mais um reconhecimento a nível nacional: receberam o Prêmio Sharp de Melhor Dupla Sertaneja do Ano. A vasta discografia da dupla abrange os mais diversos gêneros que fazem parte da riqueza musical brasileira. Na célebre lista de compositores, nomes como: Chico Buarque, Goiá, Vinicius de Moraes, Baden Powel, José Fortuna, João Bosco, Carlos Randal, Maysa Matarazzo, Carlos Buby, Dolores Duran, entre outros. No Calor dos Teus Abraços, Pedacinhos, Coração Laçador, Menino Canoeiro,Lembrança e Beijinho Doce são alguns de seus sucessos. Com a chegada do maestro-arranjador Mário Campanha em 1985 na produção de seus discos, vieram os prêmios Sharp, Caras de Música e indicação ao Grammy Latino. E é dessa forma que até os dias de hoje essas duas belas vozes continuam encantando e ultrapassando fronteiras, com suas músicas sendo sucesso, não só no país mas como também em Portugal, no Canadá e na Suíça. Para falar um pouco mais sobre a carreira entrevistamos para o MVHP As Galvão. Confira, abaixo, tudo que essas divas tem para nos dizer. |
Marcus Vinicius Jacobson
Reportagem
Entrevista publicada no dia 17/08/2010
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