ENTREVISTA ESPECIAL : Casuarina
Um
toque de juventude ao samba
Grupo carioca dá uma nova roupagem
ao gênero e resgata suas diferentes influências nos arranjos e letras
A cena carioca de samba e choro está em festa. Grande parte desse momento se deve, principalmente, a 5 jovens que, juntos, criaram o Casuarina e conseguiram renascer no público do Brasil o gosto pelo mais brasileiro dos ritmos. Formado em setembro de 2001, o grupo faz parte de uma geração que, carente dos gêneros mais tradicionais e representativos da música popular brasileira, começou a ouvir, pesquisar e consumir os sambas que um dia construíram a identidade musical brasileira, mas que há muito tempo estavam desprestigiados. O resultado disso é que Daniel Montes (violão 7 cordas), Gabriel Azevedo (percussão e voz), João Cavalcanti (percussão e voz), João Fernando (bandolim e voz) e Rafael Freire (cavaquinho e voz) lotam as principais casas de shows do Rio de Janeiro e trazem para os admiradores do samba uma pitada de juventude e novidade nos arranjos e na produção. O início do Casuarina na música foi totalmente despretencioso. O grupo, a princípio , iria se reunir somente para fazer a apresentação de final de ano do curso de extensão de Teoria e Percepção Musical na UniRio. Acabou que a mistura foi tão animadora e ousada que decidiram levar esse projeto à frente e levar ao público o samba de nomes como Nelson Cavaquinho e Guilherme de Brito. Mal sabiam eles que mais tarde colheriam os frutos desse árduo trabalho ao ganhar o Prêmio Rival BR 2006 como melhor grupo. Junto com o Prêmio TIM de Música, o Rival BR é um dos principais prêmios da música brasileira e selou de vez o reconhecimento do Casuarina na música. A trajetória do Casuarina teve também suas particularidades. Antes de encontrar uma gravadora, a banda se apresentou na França e na Holanda, a convite de amigos que se interessaram pelo som do grupo no Rio. Com a cara e a coragem, eles se apresentaram em algumas casas de jazz, para um público sofisticado e com menos brasileiros do que o esperado. Mas os poucos presentes adoraram e até hoje sente saudades daqueles momentos. O CD de estréia, que leva o nome do grupo, foi lançado no início de 2006 e teve uma repercussão muito maior do que eles poderiam imaginar. O disco faz um apanhado de algumas das melhores canções do repertório do grupo, em uma parceria com a gravadora Biscoito Fino. Por este trabalho, o Casuarina foi indicado ao Prêmio TIM na categoria "Melhor Grupo de Samba" e recebeu o Prêmio Rival BR como "Melhor Grupo musical", conforme noticiamos mais acima. Atualmente o Casuarina está trabalhando na divulgação de seu segundo disco, intitulado Certidão e que saiu no final de 2007, em nova parceria com a Biscoito Fino. Mais que um disco de samba, um trabalho autoral: das 14 faixas presentes no CD, dez foram compostas por seus integrantes. Destaques para Vaso Ruim, Peçonha e Dilemas do Universo inspirada em Só pra ver as Meninas do mestre Paulinho da Viola. Bastante requisitado, o Casuarina já percorreu as principais casas de show de todo o Rio, como Carioca da Gema, Rio Scenarium, Fundição Progresso, Dama da Noite e Circo Voador, além de ter tocado em grandes eventos, como o projeto Roda de Samba e os Carnavais de 2003 e 2004, na Lapa - ambos promovidos pela prefeitura do Rio - além da edição de 2004 do Samba no Trem, que reúne a nata do gênero para celebrar o Dia Nacional do Samba, 2 de dezembro. Em seus shows, o grupo já teve convidados como Arlindo Cruz, Wilson Moreira, Lenine, Walter Alfaiate, Noca da Portela, Délcio Carvalho, Luis Carlos da Vila, Marquinhos de Oswaldo Cruz, Alcione, Arlindo Cruz, Sandra de Sá, Beth Carvalho, Moraes Moreira, Leila Pinheiro, Lenine, Moska, Leci Brandão, Maria Rita, Dudu Nobre, além das baterias da Portela e da Imperatriz Leopoldinense. Estivemos reunidos com esses jovens para que eles pudessem abordar mais sobre a carreira, planos e a emoção de ouvir músicas gravadas por eles e o orgulho de resgatar composições de 30, 40 anos atrás. Confira ! |
Marcus Vinicius Jacobson
Reportagem
Entrevista publicada no dia 11/11/2008
5) Vocês acreditam que o samba ainda sofre algum preconceito por parte da mídia ? Rafael Freire: Acho que esse preconceito vem diminuindo com o passar dos anos. No início dos anos 90 praticamente não havia rádios tocando samba e hoje já conseguimos ouvir samba sem dificuldade. Acredito também que a mídia vem dando mais atenção ao samba pelo fato de cada vez mais pessoas estarem buscando o gênero. Não está tão ruim, mas sempre pode melhorar.
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