ENTREVISTA ESPECIAL : Carlos Lyra
A
tradução do fino da bossa nova
Um dos principais precursores do
Gênero, Carlos Lyra chega aos 54 anos de carreira com uma história imortalizada
Carlos Lyra é o que podemos chamar de fino da bossa nova. Um dos principais compositores ao lado do inesquecível parceiro Vinícius de Moraes, Carlos Lyra tem uma feliz trajetória nesse gênero, que nos dá a certeza de que ele está imortalizado para sempre. Basta ouvir as pérolas Maria Ninguém, Minha Namorada Ciúme, Lobo bobo, Menina, Maria moita, Se é tarde me perdoa, para definir melhor essa constatação. Ciente de que a música mudou, Carlos sabe que a Bossa Nova, que acaba de completar 50 anos, tem um lugar cativo no coração e ouvido dos brasileiros. E para isso, ele continua com muitos projetos e fazendo música de qualidade, pois se depender dele a Bossa Nova jamais perderá sua essência. Um dos precursores da bossa nova ao lado de Roberto Menescal, Ronaldo Bôscoli, Edu Lobo e Nara Leão, seus colegas de juventude, Carlos teve sua infância sempre cercada de música. Ele se arriscava num piano de brinquedo e depois em uma gaita. O interesse foi tanto que ele se profissionalizou e trocou o curso de Arquitetura pela música. O fascínio foi ficando maior a medida que ele cantava e tocava violão em festinhas e na casa de amigos. Até que por volta de 1954, começou a participar de festivais e concursos, com composições próprias. Suas primeiras composições foram na linha samba-canção, mas a Bossa rompeu também suas veias, quando Silvinha Telles gravou Menina em 56, trazendo a gravação precursora do movimento na outra face do disco, Foi a Noite, de Tom Jobim e Newton Mendonça. A carreira de Carlos Lyra deslanchou mesmo em 1959, quando João Gilberto gravou o disco Chega de Saudade, que incluía três de suas composições: Maria Ninguém, Lobo Bobo e Saudade Fez um Samba, as duas últimas em parceria com Bôscoli. No mesmo ano gravou seu primeiro disco solo pela Philips. Nos anos 60 gravou outros discos, musicou filmes e peças, incluindo o musical Pobre Menina Rica, com Vinicius de Moraes, que mais tarde virou disco, lançando sucessos como Minha Namorada e Primavera. Em 1962, Carlos participou do Festival de Bossa Nova do Carnegie Hall, em Nova York. Ironizou a descendência estrangeira da bossa nova em "Influência do Jazz". Através do Centro Popular de Cultura (CPC) da União Nacional dos Estudantes (UNE) promoveu uma aproximação da bossa nova com os sambistas de morro, incluindo uma parceria com Zé Kéti, o "Samba da Legalidade". Passou também uma temporada no México na segunda metade dos anos 60, onde compôs para filmes, peças e comerciais. Voltou ao Brasil em 1971 lançando um LP com participação de Chico Buarque. Três anos depois partiu para nova temporada o exterior, dessa vez em Los Angeles, onde foi estudar astrologia, tendo lançado no Brasil um livro a respeito. Dedicou-se mais a peças e filmes nas década de 80 e 90, além de shows na Europa e Japão com outros nomes da Bossa Nova. Uma de suas principais conquistas aconteceu em 2004, quando comemorava seus 50 anos de carreira no Canecão-RJ, que lhe rendeu um DVD lançado pela Biscoito Fino. Com esse êxito e reconhecimento, no ano seguinte arrebatou o Prêmio Shell de Música. São conquistas como essas que fazem de Carlos Lyra a tradução do sucesso e a certeza de que a bossa nova renasceu, sua música voltou a soar e com seu autor devidamente conhecido e reconhecido. Estivemos com Carlos Lyra
para que ele nos falasse um pouco mais sobre sua carreira, conquistas e os 50 anos da
bossa nova. Confira, abaixo ! |
Marcus Vinicius Jacobson
Reportagem
Entrevista publicada no dia 26/03/2008
1) Qual o balanço que você faz de seus mais de 50 anos de carreira ? Na verdade são 50 anos de Bossa Nova e 54 de carreira, tendo como destaques o show no Grupo Hebraico, em 1957, quando apareceu pela primeira vez o nome BOSSA NOVA, minha primeira composição em 1954, Quando Chegares, a primeira música, Menina, gravada por Sylvia Telles em 1955, o disco Chega de Saudade de João Gilberto, em 1959, contendo 3 canções minhas: Maria Ninguém, Saudade fez um samba e Lobo bobo, o Concerto do Carnegie Hall em 1962, minha parceria com Vinicius de Moraes que rendeu canções como Minha namorada, Primavera e a comédia musical Pobre Menina Rica, minhas apresentações com o grupo do Stan Getz pela Europa, Japão, China, México e até mesmo Brasil, a comemoração dos meus 50 anos de carreira no Canecão, em 2004, que rendeu um DVD lançado pela Biscoito Fino, o Prêmio Shell de Música que ganhei em 2005 e agira as celebrações dos 50 Anos de Bossa Nova entre os enfoques principais.
5) Fale pra gente sobre seu último trabalho, Carlos Lyra - 50 Anos de Música. Depois disso tem muito mais coisa como: o CD do Prêmio Shell "ao vivo" com várias músicas novas que devo lançar em breve, com a participação de: Marcos Valle, Joyce, Kay Lyra e Mauricio Maestro, Elton Medeiros, Luciana Rabello, Wnada Sá, Roberto Menescal e Bossacucanova, assim como o CD Carioca de Algema contendo só inéditas, também a ser lançado em breve. Sobre o DVD ele é um resultado do show de lançamento do CD Sambalanço que preparei para comemorar meus 50 anos de carreira. Como em minha carreira tive muitos amigos, intérpretes e parceiros, convidei os mais chegados pra dividir comigo aquele momento trão importante. Lá estavam Leila Pinheiro, Marcos Valle, Quarteto em Cy, Leny Andrade, Ivan Lins, Os Cariocas, minha filha Kay Lyra, meu sobrinho Cláudio Lyra (de quem gravei uma música), João Donato, Emílio Santiago, Miucha, Toni Garrido, Chico Caruso, Antonio Adolfo, Wanda Sá e Roberto Menescal.
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