O processo de composição |
O tema da coluna desse mês vem de encontro com uma dúvida que muitos aspirantes a músicos tem se deparado: o processo de composição. Bom amigos, antes de mais nada é preciso deixar bem claro que compor não é simplesmente escrever uma palavra ou uma frase sem nexo, mas sim montar algo a partir de uma idéia, de um sentimento. Mas para que isso seja feito com sucesso é preciso que a pessoa goste de música e goste do que está fazendo. Fazer por fazer ou forçar a barra sem ter uma afinidade com a situação, pode ter certeza que sua composição estará fadada ao fracasso. Compor é observar mais atentamente uma situação e nela achar um bom motivo para se fazer uma canção, música e letra. E vou mais além: compor uma letra de musica é até fácil, dificil é ela ficar boa. Ao meu ver cada compositor tem seu próprio jeito de compor. Alguns começam pela letra, outros pela música. Mas reafirmo que para fazer uma canção redondinha é necessário que se comece pela idéia do tema e pelo ritmo. Lembre-se que sem o assunto ou tema, não existe nem música nem letra. Antes de iniciar na música eu tive o prazer de compor algumas canções. Já fiz a música junto com a letra, mas também já fiz a melodia pra depois colocar a letra. Tudo isso partindo sempre do assunto. Outra coisa importante é que o compositor deve, entre tantas coisas, ouvir e entender de música. É importantíssimo reconhecer uma melodia, uma estrutura, uma seqüência harmônica. Não é preciso entender essas partes que constroem a música, mas sim reconhecê-las, senti-las. O sentir é usufruir a parte estética da música. Esqueça as técnicas e tudo o que você acha que deve saber antes de compor e simplesmente inicie. Pensando dessa forma, já é uma grande diferença na hora de compor, independentemente de ter as técnicas ou não. Em falar nisso devemos ter em mente que não existe uma técnica correta pra compor. Tanto para melodia quanto para letra, os músicos priorizam bastante fatos em que aconteceram durante a sua vida e tentam transpor através de palavras ou com o seu instrumento. Se você está triste, por exemplo, a tendência é que a sua música seja na mesma onda e vice versa. Há muitos casos em que a pessoa se encontra em um estado emocional semelhante e acaba compondo músicas alegres. Isso vem de cada um. Aproveite momentos em que está realmente feliz ou muito triste pra escrever algo que venha a cabeça. Quando você compor algo romântico, procure usar palavras fortes, como ferida, morte, dor, sangue e uma batida forte, bem marcada. Assim a música não fica melosa. Se for algo de protesto, procure dar um tom de humor, algo sarcástico, senão você banca o rebelde sem causa. Enfim, você tem que demonstrar inteligência, começar a partir de alguma idéia brilhante e desenvolver tudo num tom neutro. Se romântico, puxar para o underground a fim de não ficar chato. Se rebelde, puxe para o melódico para não ficar muito pancada e na letra procure se inspirar em poesias de grandes escritores, traduzindo, dessa forma, a linguagem para os dias atuais. Têm vezes que tudo flui facilmente. Têm outras que nada parece dar certo, as rimas não surgem e a métrica parece forçada. Então é preciso voltar atrás, ouvir novamente a parte gravada da música, ensaiar uma linha melódica diferente. O mais importante é que você deixe as coisas fluírem naturalmente, procurando associar os fatos de sua vida com versos e também rimas. Assim, provavelmente na hora de encaixar com a melodia vai ficar bem mais fácil encontrar o jeito certo. Para concluir, sempre guarde tudo o que escreveu, por mais que esteja horrível. Idéias ruins podem se tornar idéias boas. Para a parte tipo solo, acordes, etc, chame outro músico (algum amigo seu) e peça pra inventar uma base e comecem a revezar o solo. Se não gostar, mude até achar algo melhor. Na música é preciso criar, reiventar e improvistar. Mãos à obra, compositores ! Serviço: Com a canção pronta (letra e música) o próximo passo é gravar sua canção num estúdio, passar para um CD (demonstrativo) e procurar uma editora (para avaliar sua canção) que tenha o perfil desse trabalho, ou seja, que tenha acesso a cantores que gravem esse tipo de música.Você pode deixar o CD demonstrativo para avaliação (guarde com você sempre uma cópia), combinando que no caso de conseguir uma gravação pra ela, você edita a sua música por lá mesmo. Uma editora funciona como um canal de contatos, tanto para enviar sua música como para receber da gravadora (depois da música gravada) e repassar para o autor. Funciona também como um registro de sua música, principalmente depois que é assinado o contrato de edição. Lembre-se de somente assinar esse contrato de edição, depois que a editora conseguir uma gravação para essa música. A taxa que a editora ganha em um contrato de edição é de 25% sobre o seu direito autoral (quando você receber sobre a venda do CD). Antes da música gravada você não paga nada. Você também pode ao invés de levar sua música a uma editora, registrar na Fundação da Biblioteca Nacional pelo link http://www.bn.br. Lá, para registrar cada obra, você terá que pagar uma taxa que vai variar dependendo da região em que reside.
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