O que é ser um artista independente? |
Você já pensou o que é
ser um artista independente hoje em dia ? Bom, vou dar algumas opções pra facilitar a
resposta. Ser um artista independente é: a) não estar amarrado a nenhuma gravadora; b)
contar apenas com os próprios recursos; c) fazer o que quiser e ganhar o que puder; d) a
mais pura e simples liberdade; e) burrice, sozinho não se vai a lugar algum. E aí, o que
achou ? Se você assinalou alguma dessas opções listadas, desculpe, mas nenhuma das
alternativas podem definir a dimensão do que é ser um artista independente nesse atual
mercado. Avaliar um artista independente hoje em dia é ``chover no molhado``. Ser artista
é lutar por nossos sonhos por mais improvavel que ele pareça. A independência pode ser
ao mesmo tempo um sinônimo de incerteza como também de segurança. São 2 opostos que se
atraem. O artista independente ama a música e não permite que nada a desconstrua em sua
essência. Assumir um compromisso maior junto à inteligência do público e propor uma
postura artística na música é o papel do artista independente, hoje. A mudança no
jeito de se fazer música, de se chegar, sem intermediários no público e a de tratar o
público com respeito, se diferencia, assim, do mercado de música jocosa, sem ética e
sem qualidade. O artista independente é real: diz o que pensa, vê e sente. Uma característica notória desse tipo de artista é que ele acaba tendo que fazer tudo sozinho. Daí precisa ter algumas pessoas que trabalhem para ele. Isso pode acontecer de várias formas. Ele pode pagar um produtor que trabalhe para ele como funcionário, caso possua algum recurso. Mas caso não tenha, ele acaba fazendo parceria com alguns produtores. O produtor vende o show e ganha pela porcentagem. Ou então o artista paga o mínimo, como os custos de telefone e gasolina, e vai pagando comissão. E dessa forma vai se construindo essa carreira independente que muitos dizem ser ruim. Mas se fosse ruim, artistas de renome não estariam deixando as gravadoras para criarem o próprio selo. Um bom exemplo disso é o de Maria Bethânia, que hoje tem o selo dela, lança CD e DVD todo ano e continua lotando seus shows. Essa debandada está ocorrendo, haja vista que as gravadoras estão com déficit, pois não têm dinheiro para manter um casting enorme de artistas. Elas escolhem alguns que vendam mais, que sejam mais comerciais. O restante dos artistas acaba na indepêndencia. Isso não quer dizer que independente signifique menor ou de menos qualidade. Mas é preciso nessa hora sabermos diferenciar o artista independente famoso pro novo artista independente. Esses que vem de uma gravadora e já tem um nome conseguem com facilidade ser independentes. Eles sabem que vão lotar qualquer casa de shows, onde quer que se apresentem. O lucro é por bilheteria e por isso eles vendem igual a água. Mas, claro, isso não é a realidade da grande maioria. Principalmente dos artistas novos da cena independente. Sem a visibilidade dessas gerações anteriores é difícil viver de shows, por mais que se faça muitos. Os cachês não são tão altos e tudo é dividido em várias pessoas, entre músicos e equipe de produção. A grande verdade é que hoje as gravadoras criam o artista independente seja ele famoso ou não. Elas procuram um produto que venda e tenha um retorno rápido. Poucos investem nos verdadeiros artistas, aqueles transgressores que mudam a sociedade , transformam comportamentos antigos e emocionam. Parece que hoje não tem mais espaço para artistas de verdade. O artista independente acaba sofrendo porque não tem tempo e espaço para desenvolver sua carreira de forma dimensionada. Parece que sempre está recomeçando, mesmo tendo anos de carreira, CDs lançados, músicas em sites, MySpace etc. Acho que artistas como Maysa, Edith Piaf, por exemplo, hoje estariam em maus lençóis em termos de espaço no mercado. Esse é o retrato da independência do artista no Brasil.
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