Banda gaúcha Fresno abre polêmica ao afirmar que o rock tem que
se disfarçar de pop para fazer sucesso
(12/12/2012)
Semana passada estava
lendo pela Internet notícias da parte musical, como de costume, e heis que para a minha
surpresa vi uma reportagem bem polêmica. No título Fresno: No Brasil, o rock
tem que se disfarçar de pop para fazer sucesso. Confesso que minha mão coçou
e não tive como fugir desse debate. Era inevitável que essa minha última coluna do ano
viesse recheada de polêmicas. Pois diga-se de passagem, uma declaração dessas mexe com
todas as estruturas do rock nacional. O que o vocalista da banda gaúcha estava querendo
dizer ? Será que tem haver com o jabá ? Será que é uma certa dor de cotovelo por ter
abandonado a gravadora do produtor conceituado Rick Bonadio e ter voltado a ser
independente ? Ou será que é a tradução da mais pura verdade ? Bom, vamos lá.
Em primeiro lugar temos que separar bem as coisas para que não sejamos injustos. Acredito
que o rock não precisa se disfarçar de pop, desde que seja bem feito. Sendo bem
conduzido, não é possível que não faça sucesso. Talvez muitas bandas de hoje estejam
ficando pra trás em relação a verdadeira essência do gênero e por esse motivo que a
gente liga o rádio e só ouve pop internacional. Dá mais ibope? Sim, sem dúvida, mas
nao é só isso. Os grupos e artistas pop estão dentro do perfil que representa o
mercado. Fazem aquilo que são. Já os que se intitulam roqueiros, não estão sendo
reais, pois tentam fazer uma roupagem diferente e acabam ficando preso a rótulos
inimagináveis.
Se muito não me engano grupos como Legião urbana, Planet Hemp, Titãs, Ira e outros não
precisaram de disfarces para relaxar nossos ouvidos. Pois trataram o rock como ele deveria
ser tratado. Agora, tentar criar uma situação para se livrar do estigma que o rock está
fracassado não é uma boa. Principalmente porque você começa a criar atritos não só
com os colegas de profissão como também com os fãs deles. E nesse momento é que entra
a função da mídia. Ela quer colocar no ar grupos com uma imagem boa, que sabem fazer
sucesso e entendam o significado do mercado.
Mas na reportagem que li concordei com algumas coisas que a banda Fresno enumerou. Segundo
o vocalista Lucas Silveira um adolescente hoje em dia que quer montar uma banda só
conhece coisas antigas através do Guitar Hero. Além disso, os grupos que surgem no
Brasil ou são muito alternativos ou já aparecem com a idéia fixa em fazer sucesso,
antes mesmo de gravarem o primeiro disco. Realmente hoje em dia quem surge no mercado
está muito focado no sucesso e esquece da qualidade. Com isso, acaba-se criando bandas
teen de péssimo prestígio que ao invés de somarem ao mercado, prejudicam o gênero
fazendo com que a mídia abra espaço para outros segmentos musicais. Talvez o Fresno
tenha sentido isso na pele e veio, então, a opinião deles de que a busca pela
primeira da audiência fez todas as músicas ficarem parecidas nas principais
rádios do país. Uma copiando a outra.
Para finalizar, creio que não só o Fresno, mas como qualquer outra banda ou artista que
se sentir injustiçado pelo atual cenário não deve mudar ou tentar se disfarçar de
quaisquer outros gêneros. Se a banda é de rock que faça rock. Se a banda é de pagode,
que toque seu pagode. A pior coisa é você saber que determinado artista sempre seguiu
uma linha musical e continua no segmento, mas com uma roupagem diferente dando ao entender
que o que ele toca é o gênero de sempre. Tem vários exemplos aí. Não preciso citar
nomes, pois é só sintonizar uma rádio que verá que um artista do segmento sertanejo se
diz fielmente sertanejo raiz, quando na verdade está mais pra pop. Vamos pensar pra
frente pessoal. Que em 2013, o rock resista a todas essas polêmicas e mostre a verdadeira
cara. O Rock não vai virar underground coisíssima nenhuma. Vai desbancar o pop e ir mais
além. Afinal, é dia de rock, bebê !
Marcus Vinicius Jacobson
Jornalista e diretor do MVHP -
Portal de Cifras
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