A polêmica de Lobão |
Lobão sempre foi um homem de opiniões fortes e nunca teve medo de expô-las para o mundo. Mas as coisas esquentaram para o lado do músico depois da entrevista que ele deu para o jornal Folha de São Paulo no início desse mês. Ela foi feita para divulgar o novo livro de Lobão intitulado Manifesto do Nada na Terra do Nunca em que faz sérias críticas a figuras dos meios artístico e político do atual cenário e ao Brasil, dizendo que atualmente o país encara uma paralisia musicalom tiragem de 40 mil exemplares, Lobão defende que as idéias propostas na Semana de 1922 acabaram por moldar todo o pensamento cultural brasileiro até os dias de hoje, influenciando movimentos posteriores, como o cinema novo, o concretismo e a tropicália.Ele argumenta que a antropofagia, base da Semana de 22, que defendia uma arte brasileira que bebesse das vanguardas estrangeiras, não passava de mero nacionalismo. Vale lembrar que, e A metralhadora giratória de Lobão parece não ter fim. Quase ninguém escapou de sua mira. Sem papas na língua, ele detonou Deus e o mundo. Sobre o Rei Roberto Carlos, por exemplo, ele assoprou e mordeu. Em um trecho da publicação, Lobão diz que Roberto Carlos "era genial e virou uma múmia deprimida". Na mesma publicação, Lobão atacou o Racionais MCs, dizendo que o grupo é o braço armado do governo e que seus integrantes "viraram um órgão de propaganda das idéias medíocres e revanchistas do PT". Lobão chama Mano Brown de "idiota útil". O músico também atacou quem usa "pistolão" para se promover. "A Preta Gil é um absurdo. Ganhou um império atrás dos benefícios do pai", diz ele. Aliás, a história de ter amigos influentes para se promover também foi o jeito que Lobão achou para falar mal de João Gilberto. Ao jornal paulistano, Lobão disse que João Donato "dá de mil no João Gilberto". "Tom Zé, Jards Macalé e João Donato sempre foram melhores do que os que estão aí hoje representando o movimento, tanto o da bossa nova quanto o da Tropicália", afirmou. Nem quem já nos deixou, teve o descanso necessário. Sem rodeios, o artista disse que Gonzaguinha e Edu Lobo são uma das figuras mais "insuportáveis da MPB". A Lei Rouanet também foi duramente criticada pelo cantor. Ao jornal, o cantor revelou que recusou o auxílio de R$ 2 milhões do Ministério da Cultura para uma turnê. "Se você tirar o Ministério da Cultura, o que não é sertanejo universitário morre. O Ministério libera tudo, e impressionam as temáticas: bandas mortas se ressuscitam para comemorar um aniversário de vida que não tem! O próprio Barão Vermelho! Todos pediram grana [via lei de incentivo]: Barão, Paralamas". Nem Gilberto Gil fugiu dos ataques de sinceridade do cantor. Lobão chegou a afirmar que Gil é o rei em pedir recursos via Lei Rouanet. "O cara foi ministro! Como é que as pessoas podem aturar isso?". Além disso, ironizou a empresária Paula Lavigne, ao destacar que a ex-mulher de Caetano Veloso é a rainha da Lei Rouanet. Em seguida questionou os intelectuais brasileiros que não se manifestam contra essa situação. É, parece que Lobão se descontrolou em suas afirmações. Acredito que as pessoas tem o total direito de expor o seu pensamento, pois estamos numa democracia. Mas atacar a classe artística com palavras grosseiras, aí vai uma grande distância. Muitas pessoas desconfiam que isso se trata de uma jogada de marketing para vender livro. Mas eu tenho cá minhas dúvidas. Afinal, em se tratando de Lobão, a polêmica já nasceu com ele. Vale lembrar que ano passado, por exemplo, fez criticas veladas a outros colegas da música. Chamou Maria Gadú de "cantora de churrascaria". Em um programa de rádio, afirmou que Fiuk. Restart e Luan Santana não têm cultura para fazer música. "O Fiuk é um bunda mole, é um cara inofensivo... qual é, rapaz, vai comer feijão com arroz. Restart é outra aberração da natureza, Luan Santana é uma coisa horrorosa". Criticou também os beijos em micareta e revelou não gostar de Carnaval fora de época e das músicas de Ivete Sangalo. Em seu livro anterior, 50 anos a Mil, Lobão fez duras críticas a Herbert Vianna, cantor dos Paralamas do Sucesso. Entre elas, consta a que Herbert sempre copiou suas idéias desde os anos 80. "Eu faço Me Chama (1984), ele faz Me Liga (1984)...", ironizou. E até os dias de hoje ele não pára de polemizar. Durante o lançamento de seu novo livro, em uma livraria do Rio, o autor levou um papel com os dizeres Chupa Caetano! e fez questão de tirar várias fotos com o recado malcriado. Vai entender. Com toda a polêmica levantada pelo cantor, resta agora a gente ver como serão os próximos capítulos. Lobão, Lobão, quem te viu, quem te vê !
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