Rock nacional: futuro incerto |
O sertanejo anda dominando as rádios de todo o país. A cada dia que passa surgem vários artistas voltados para esse segmento. E em meio a esse predatório mercado, o rock nacional anda sumido, praticamente eliminado das programações. Os fãs, saudosistas, estão órfãos e extremamente preocupados com a situação. Fato é que essa semana, a empresa Crowley, que monitora 215 rádios no país, informou que o rock nacional foi representado com apenas duas das cem músicas mais executadas em 2014. Um duro golpe para o gênero que arrebatou gerações e gerações. Lendo uma reportagem sobre esse assunto no Portal UOL, que entrevistou os principais cabeças do movimento, fiquei com a sensação que há uma luz no fim do túnel. Pelo menos essa é a opinião dos próprios músicos dessa geração que estreou em 1985. Na palavra da maioria deles, há chance de estarmos atravessando apenas um período de baixa, à espera da bonança. Na minha visão é muito cedo para cravarmos alguma coisa sobre as perspectivas concretas sobre essa crise que atravessa o rock brasileiro. Mas tendências existem e quem vivencia a situação de perto pode falar até melhor. O ex-bateirista do Legião Urbana, Marcelo Bonfá, por exemplo, considera que isso é um ciclo. Trata-se de um fenômeno de uma nova classe econômica ascendente, que antes não tinha acesso às coisas. E a mídia acaba explorando, muitas vezes, uma música sem tanto conteúdo, mais pobre em matéria de letra, melodia, discurso. Segundo ele, o rock ainda não acabou nem vai acabar. Está no mesmo nível. Enfim, é uma herança genética. Já Nasi, líder do IRA, pensa diferente e não tem tantas esperanças assim. Ele acredita que os pequenos e médios artistas estão esmagados pelos grandes. Ressalta também que o que se ouve nas rádios é um grande fim de feira. No pop, é pior ainda. Ninguém canta nada, todos parecem iguais. Paulo Ricardo, vocalista do RPM, não acredita que haja um culpado. Ele crê na volta do rock logo logo, pois considera que movimentos culturais são sempre pendulares. Na sua visão, o rock, diferentemente do axé e do sertanejo, é um gênero anglo-saxão. Uma briga intensa que precisará de muito trabalho para dar a volta por cima. O líder do Ultraje a Rigor, Roger Moreira, também está otimista. Ele considera que o rock é pendular e existe sempre. O que acontece, na opinião dele, é que ficou uma coisa um pouco padronizada em termos de um comportamento a seguir, aparência que se deve ter, enfim, uma ´´atitude`` entre aspas. Com isso, o Rock deixou de ser o que deveria ser originalmente: diversão para o jovem. Pois é, como pode se observar as opiniões estão variadas e temos que respeitá-las, pois tratam-se de grandes nomes do rock nacional. Na minha modesta visão o rock brasileiro não acabou e nem vai acabar. O que acontece é uma má vontade da mídia em dar oportunidade aos novos e antigos roqueiros, fazendo com que haja uma divulgação excessiva de músicas descartáveis, de outros ritmos, que acabam gerando mais audiência para eles. Além disso, outro culpado é o próprio mercado do rock que não anda investindo em grandes nomes para o atual cenário. Não vejo há muito tempo uma revelação nesse movimento. É preciso investimento e sensibilidade por parte dos empresários do meio, pois muitas jóias existem e precisam ser lapidadas, a fim de colher frutos futuros. O dinheiro não pode falar mais alto nessas horas e fazer com que todos os envolvidos abram mão da paixão em nome da razão. Afinal, como já diria o saudoso guitarrista Celso Blues Boy, aumenta que isso aí é ROCK AND ROLL !
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