O futuro da música brasileira |
Se você for medíocre, faça música brasileira. Se você for mais ou menos, faça música brasileira. Se você for um talento, faça música brasileira. Se você for um gênio, faça música brasileira ! Esta frase (de Mário de Andrade) era, freqüentemente, dita pelo maestro Tom Jobim. Só que parece que estão fazendo de tudo para a verdadeira música brasileira chegar ao fundo do poço. Tom Jobim, um dos representantes da boa música, deve estar se revirando no túmulo de tanta angústia pelo que está ocorrendo no momento. Colocar Popozudas, Eguinhas Pocotós e Bundinhas nas primeiras colocações de uma parada nacional é uma afronta para os que valorizam a música brasileira feita por quem sabe e pior: coloca em cheque o futuro da indústria fonográfica nacional. Bom, mas sobre a indústria em si e as Gravadoras acabando, pirataria crescendo, etc...eu deixo para a próxima coluna. Vamos nos concentrar somente no que diz respeito à falta de qualidade de nossas canções. Até que ponto vamos chegar com músicas recheadas de vulgaridades, gírias fazendo sucesso e representando nosso Brasil lá fora. Será que o público está aceitando isso? Com certeza eles não são burros e ignorantes de concordar com isso. O que acontece é que a mídia (leia-se rádios e Tvs) expõe para nós só produtos descartáveis e forçadamente temos que engolir isso. Chega até cansar nossos ouvidos tamanha é a falta de criatividade das canções produzidas hoje em dia. A música brasileira está perdendo sua essência e se transformando num grande balcão de negócios por causa da ganância dos poderosos. O mundo vive um momento de consumo muito grande e exige que o dinheiro e o sucesso venham rápido demais. Onde ficam as carreiras? Quantos artistas permanecem nesse meio? Nossa música tem revelado grandes talentos, como Marisa Monte, Ed Motta, Jorge Vercilo, entre outros. Na verdade, ao meu ver faltam produtores de estilos variados como sertanejo, pagode, axé e forró que tragam idéias novas a esses estilos. Nossa característica tem sido só de copiar o que já existe, e não inovar. Para fazer sucesso, não precisa fazer porcaria e apelar pra regravações ou versões. Precisamos vender? Claro, mas é errado pensar que os cantores de verdade só querem isso. O artista não é palhaço, ele tem que fazer bem o seu trabalho. As rádios e TVs têm medo de arriscar e preferem analisar antes o artista para depois investir. Antigamente, havia programas específicos de música na tevê e hoje eles fazem falta. A época dos Festivais da Canção, por exemplo, foi o melhor momento da música brasileira. De lá surgiram grandes nomes. Todo o material que chegava era repassado, sem ter de passar por nenhuma peneira, nenhuma censura. Não havia burocracia nem preconceito. O talento era o único fator a ser considerado. Hoje, o grande fator é se a sua música é um grande filão para vender. O resto, os rádios e Tvs se encarregam de manipular o público e fazer eles aceitarem isso, mesmo que inconscientemente, pois se forem parar pra pensar, sabem que estão consumindo produtos descartáveis como já foi dito mais acima. A diversidade da música brasileira está bem assimilada, mas ainda há um preconceito dentro das grandes gravadoras, que precisam fazer mais parcerias com as menores, pois são estas que vão atrás do gosto popular. Se a gente andar pelo Brasil, pode-se ver que existe muito mais do que toca nas rádios e do que a elite recebe como música. Desejo, que haja uma segmentação de mercado, dos veículos de comunicação, pra que a gente tenha cada vez mais espaço para as pessoas diferentes. Uma rádio que só toque música brasileira mesmo, de fato, que não seja necessário pagar jabá para isso, pois o jabá é outro grave fator que está contribuindo para o fim da música nacional, já que deixa de fora grandes artistas, que sem recursos, acabam desistindo da carreira e empobrecendo esse universo. Lamentável.....O último que ler esta coluna, apague a luz!
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