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Festivais de Música: uma necessidade
para a MPB


Volta dos Festivais trariam pra MPB uma reformulação em termos de valores

(15/10/2003)

Todos sabem que a música popular brasileira necessita de uma renovação urgente. Claro que temos grandes artistas no mercado, porém a mesmice imposta pelas grandes gravadoras estão tirando o lugar de gente boa que tem muito a mostrar. Essas pessoas estão afastadas dos holofotes da fama devido a falta de oportunidades e divulgação. E aí que entra os Grandes Festivais de Música promovidos pela TV brasileira, que representaram um crescimento e amadurecimento da MPB nestas últimas quatro décadas. Foi a partir destes eventos que despontaram nomes como Chico Buarque, Edu Lobo, Mutantes, Caetano Veloso, Elis Regina e muitas outras feras que hoje em dia são verdadeiros ícones musicais.

Os Festivais trouxeram uma riqueza muito significativa para MPB nos últimos tempos. É preciso que a mídia, ao invés de ficar dando espaço a produtos descartáveis, traga para a gente de volta novos Festivais da Canção. O Brasil é um país rico em suas manifestações culturais. É um celeiro de ritmos e culturas as mais diversas. Todo dia nascem verdadeiros talentos na nossa música e das artes em geral. Esses talentos precisam ser descobertos. Precisam ter chances de mostrar todas essas qualidades que lhe são atribuídas.

Ouvir o que está nas rádios e na TV atualmente incomoda nossos ouvidos, quando comparamos a tanta coisa boa já produzida no Brasil. A música internacional, por incrível que pareça, dá as cartas para rádios e gravadoras e elas nos servem isso como prato principal. Lá fora nossos artistas não tem esse mesmo espaço como é dado aqui. Uma hora e outra aparece um se destacando ali, outro se destacando aqui, mas é muito pouco pra o que nossa música representa. E é aí que as coisas precisam mudar. Um renovação tem de existir. Não é inventando os artistas ``teens`,` que ainda estão verdes que, vamos dar um basta nisso tudo. Vamos parar de fabricar artistas e dar oportunidades a quem tem talento mesmo.

Lembro com carinho de músicas e artistas que marcaram muitas edições desses festivais e comparando com o que vejo e ouço hoje me decepciono profundamente. Quem não se recorda de "Arrastão", de Edu Lobo, que trazia Elis Regina pela primeira vez para todo o Brasil e "Domingo no parque", de Gilberto Gil, vencedora do festival da Record, em 67. Outros como "É proibido proibir", de Caetano Veloso, interpretada ao lado dos Mutantes e trazendo o discurso histórico em que o baiano chama a platéia de alienada e o hino "Pra não dizer que não falei de flores", de Geraldo Vandré. São eventos que revelaram de vez novos artistas para o mercado com grande eficácia. A Globo tentou reeditar o formato em 2000, mas não obteve muito sucesso, pois o que foi proposto não teve divulgação e planejamento adequado à realidade.

Lógicamente temos que entender que a música de hoje nada tem a ver com o que era produzido naquele momento, tendo a indústria sofrido muitas mudanças que se refletem no tipo de produto que é massificado hoje para o consumidor. A importância dos Festivais que estavam sempre apostando em novos valores pode ser sentida se você comparar o que está sendo veiculado hoje na mídia como música e o que ainda é apresentado pelos nomes lançados naquela época. O que mais deixa saudades é o espaço que se tinha disponível no rádio e na televisão para a veiculação da nova produção cultural. Hoje em dia temos que passar pelo jabá pra conseguir tal façanha. Vamos ver se nossas autoridades acordam e trazem pra gente antigas fórmulas com novas idéias e que novos Caetanos, novos Chicos surjam pra mudar a cara da MPB pra melhor.


Marcus Vinicius Jacobson

Jornalista e diretor do MVHP - Portal de Cifras
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