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O efeito das Redes
P2P na música


Estúdios estão perdendo a guerra contra redes P2P, o que faz aumentar ainda mais a pirataria

(10/08/2004)

Bom, o nosso papo de hoje vai de encontro com um assunto que gera diversas divergências de opinião no mercado da música, mas que é muito importante para o mundo globalizado em que vivemos: a troca de arquivos protegidos por copyright entre os usuários de Internet. De acordo com um estudo divulgado no mês passado os internautas estão baixando da rede duas vezes mais filmes, jogos e músicas do que há um ano, apesar da grande queda sofrida por esse mercado. Melhores conexões à Internet em banda larga e o uso de tecnologias de compressão permitem o download cada vez mais rápido de grandes arquivos, gerando também uma grande dor de cabeça aos estúdios de cinema e de música. O compartilhamento desses arquivos tem como consequência imediata a pirataria, assunto esse bastante sabatinado por mim em colunas anteriores. Mas volto a bater na mesma tecla: será que a Internet pode ao mesmo tempo, que é vilã das Gravadoras, ser também um mocinho dessa história? Digo isso baseado no fato de que as Grandes Empresas do ramo, notando esse crescimento acelerado, só tem uma saída para essa crise: abaixar o preço dos Cds no mercado.

Só pra ter idéia da dimensão de que esse assunto está tomando, todos os dias, o equivalente a cerca de três bilhões de músicas ou cinco milhões de filmes são transmitidos entre computadores, de acordo com um estudo da CacheLogic, empresa de Cambridge, na Inglaterra. A empresa estima em impressionantes 10 petabytes (ou 10 milhões de Gb) o volume de dados trocado de graça por internautas de todo o mundo, muitos na forma de músicas, software e videogames protegidos por copyright. A BigChampagne, empresa que monitora redes de compartilhamento de arquivos, informou que 1 bilhão de canções estavam disponíveis para a troca gratuita em várias redes de compartilhamento, comparado com as 820 milhões que havia há cerca de um ano. Isso mostra que os consumidores se cansaram de reclamar dos preços caros a que são submetidos e estão agindo ao optarem pelas Redes P2P.

Engana-se que os Estúdios estavam ganhando a guerra contra o compartilhamento. Isso era apenas um ``pano de fundo`` para esconder os problemas. O fato é que enquanto os preços dos Cds, principalmente, continuarem exorbitantes, não vejo luz no fim do túnel para as Gravadoras. Só sobreviverão as que tiverem bom senso e pensarem mais no futuro do que nos lucros. Os usuários estão se mudando para novas redes e eu não tiro a razão deles. Hoje em dia, quem possui aparelhos sofisticados que permitem gravar músicas oriundas da Internet com a mesma qualidade do CD, não precisa ir às lojas e efetuar suas compras. Pra quê, se consegue fazer tudo em casa, por um preço infinitamente mais barato e o que é melhor: podendo criar, a sua maneira, coletâneas com as melhores músicas de determinado artista. Digo isso, pois sempre que adquirimos um novo trabalho de uma banda ou cantor, o mesmo nunca vem com todas as canções empolgantes. São sempre 5 músicas boas e o resto ``apenas pra fazer figuração``. Mas isso é um assunto que não vamos comentar nessa coluna de hoje. Deixaremos pra debater sobre isso nas posteriores.

Vamos nos ater a grande proliferação de troca de arquivos na Grande Rede Mundial de computadores. A indústria da música está perdendo sim a luta contra a pirataria na Internet. Quando a indústria começou a processar os mais prolíficos sites de troca de música, em setembro de 2003, muitos usuários começaram a se mudar das populares redes ponto-a-ponto, como o Kazaa, para novos sistemas. Sistemas como o Bit Torrent e o eDonkey se tornaram as redes ponto-a-ponto da vez, particularmente entre usuários europeus e asiáticos, de acordo com a CacheLogic, empresa que fornece tecnologia de filtragem para os maiores provedores de serviços Internet. Isso sem falar que o perfil do compartilhamento de arquivos está mudando, também. A maioria dos arquivos que circulam nessas redes agora tem mais de 100 Mb, o que significa que os internautas estão baixando softwares, filmes e games maiores como se fossem pequenos arquivos de canções. Isso só vem provar de que a Internet, independente dos processos e das retiradas do ar de muitos programas de compartilhamento, continuará a ser a grande oposição ao mercado da música. Abram os olhos Gravadoras, o fundo do poço é logo ali !


Marcus Vinicius Jacobson

Jornalista e diretor do MVHP - Portal de Cifras
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