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Tom Capone: um exemplo de profissional |
Queria abrir essa coluna de hoje falando de mais algum assunto polêmico do mundo da música, minha marca registrada, mas uma notícia que pegou todos do meio musical de surpresa no início de setembro não poderia deixar de ser comentada aqui: a morte de Tom Capone, um dos maiores produtores do Brasil. Atualmente, Tom era produtor musical da cantora Maria Rita e estava trabalhando com afinco no novo CD dos jovens Detonautas. A morte de Capone aconteceu na madrugada de quinta-feira, 02 de setembro em Los Angeles. O músico tinha acabado de participar do Grammy Latino, prêmio para o qual foi indicado em cinco categorias, recorde para um brasileiro na premiação. Apesar de não levar nenhum dos prêmios aos quais concorria, o álbum de Maria Rita, e que já vendeu 640 mil cópias aqui no Brasil, ganhou três prêmios (revelação do ano, melhor disco de MPB e melhor música brasileira por “A Festa”, de Milton Nascimento) e Cosmotron levou outro (melhor álbum de rock brasileiro). Todos sobe sua produção. O músico morreu com múltiplas fraturas no crânio depois de colidir, com a moto Harley Davidson Fatboy alugada que dirigia, contra um carro Dodge Néon dirigido por uma jovem de 23 anos num cruzamento de Ventura Boulevard, avenida no bairro angeleno de Van Nuys. A morte foi imediata. Uma perda irreparável para o meio musical que a cada dia que passa fica mais pobre de talento e qualidade. Quando soube dessa notícia fiquei preocupado com o futuro do mercado musical. Até porque por trás de um bom disco, há sempre um grande produtor musical, certo? E o mercado está tão carente de bons produtores musicais que dá até pra se contar nos dedos, os poucos que se salvam. Só pra ter idéia do time de primeira linha de artistas que já passaram por Tom Capone, vou citar alguns só pra servir como exemplo, senão não terminaria esse texto. De Maria Rita a O Rappa, de Gilberto Gil a Frejat, de Milton Nascimento a Pedro Luís e a Parede, mais Lenine, Nando Reis, Skank, Lô Borges, Barão Vermelho e por aí você imagina. Só fera, né não? Vale lembrar que esse grande mestre da produção era também músico e diretor do departamento de artistas e repertório da gravadora Warner Music Brasil. Tinha o feeling daquele artista que ia vingar e do que viraria sucesso rápido. Luiz Antônio Ferreira Gonçalves, seu nome de origem, era paranaense e foi criado em Brasília, na efervescência do rock brasileiro. Capone, que ganhou dos amigos esse 'sobrenome', por causa da 'pinta de bandido', venceu na vida por conta de sua versatilidade, ousadia e pelo ótimo relacionamento que conseguiu manter com os artistas até os dias de hoje. Em Brasília, ainda adolescente, Capone tocou guitarra com artistas que seriam conhecidos mais tarde, como Cássia Eller. Foi para o Rio tocar com o amigo Milton Guedes, da trupe de Oswaldo Montenegro. No início dos anos 80, carregava instrumentos da banda do menestrel quando foi convocado para substituir o operador de som, que havia faltado. Seu talento era notável, e ele assumiu o posto. Um dia foi chamado por um amigo para montar um estúdio, e aí, minha gente, não parou mais. Acho que todos os artistas que já passaram pelo crivo de Capone deveriam homenageá-lo não só durante os shows, mas também com algum CD em tributo a esse profissional dedicado e honesto que sempre foi. Uma pena que no Brasil as pessoas esquecem de prestar homenagem aos que merecem, ainda vivos. Mas nunca ninguém imaginaria que uma pessoa tão jovem (37 anos), nos deixasse de forma prematura e violenta como Tom Capone. Num piscar de olhos Tom nos deixou, mas nós, profissionais da música, sabemos que seu legado jamais será esquecido, pois Capone foi, é, e será sempre o todo poderoso da música nacional. Descanse em paz, meu amigo...
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