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Amanhã não se sabe


Bandas que perdem seus vocalistas vivem dias de angústia e se arriscam pra manter a carreira

(08/12/2004)

A usual frase ``Existe saída pra tudo`` pode ser encaixada no tema que vamos abordar hoje. Tema esse que pode ser considerado polêmico diante da ótica de cada banda, principalmente aquelas que dependem única e exclusivamente de seus vocalistas. Com o passar dos anos vimos muitos casos de grupos perdendo seus líderes seja por motivo de morte, acidente, opção de carreira solo, etc. Os exemplos são variados, principalmente nos grupos de pagode onde o vai e vem de cadeiras é uma coisa comum de acontecer. Porém, um caso em especial mobilizou a todos nesse ano de 2004 e que fez com que o grupo parasse totalmente suas atividades. Estamos falando do incidente ocorrido com Marcus Menna, vocalista do LS Jack, que sofreu uma parada-cardíaca depois de uma lipoaspiração, tendo seu cérebro e partes do corpo afetadas diretamente por esse problema. Marquinhos não é mais o mesmo, apesar do cantor estar em franca recuperação. Mas será que a banda tem tempo pra esperar por esse progresso? E se demorar muito tempo? E quem tem família pra sustentar? Como fica a carreira do grupo, depois disso?

O que posso dizer é que seja qual for o motivo desta saída, é uma situação delicada, principalmente quando envolve o vocalista e, dependendo das circunstâncias, pode significar o fim. Há, na história da música, exemplos negativos como o do Quenn, que ao perder Freddy Mercury se extinguiu, mas também positivos como do Barão Vermelho, que com a saída de Cazuza, não só continuou na mesma linha como, talvez até melhor na voz de Frejat, já que Cazuza era um artista com mais características pra carreira solo. Na atualidade, o LS Jack se vê diante de um grande desafio: a recuperação de seu vocalista, Marcus Menna. Todos querem esperá-lo, porém, como esperar? Daí vem o problema. Precisam continuar seu trabalho a fim de que os recursos financeiros continuem entrando, até mesmo para que Marcus possa custear seu tratamento, o que não é pouco. Os médicos nada podem afirmar sobre prazo e condições de reestabelecimento.

A meu ver, há três alternativas de continuação enquanto a ausência do líder permanece indefinida: 1) A exemplo dos Titãs, tentariam uma adaptação, com os integrantes remanescentes se revezando nos vocais, de acordo com o estilo de cada um; 2) Assim como no Barão e Raimundos, seria efetivado um dos que ficaram como o novo “titular” dos vocais; 3) Seguindo a experiência de Iron Maiden e Sepultura, “contratariam” um novo vocalista. Tudo isso seria, evidentemente, testado e a opção que ficasse melhor seria decidida nessas observações. Lógico que trocar de vocalista é um risco e pode dar certo como não dar certo, mas nessas horas vale tentar do que se omitir. No ramo do pagode, por exemplo, varios vocalistas optaram por seguir carreira solo, talvez pra ter mais visibilidade,  e deixaram seus respectivos grupos a ver navios. Alguns sobreviveram como o Só pra Contrariar, Exaltasamba, outros estão meio sumidos como o Karametade, Os Morenos e dois de grande destaque tiveram que desistir da carreira como o Soweto e o Kiloucura, que perderam seus principais líderes.

Agora a bola da vez é o LS Jack. O que fazer? Os Paralamas do Sucesso optaram por esperar Herbert Vianna, que teve um caso semelhante ao de Marcus Menna, e estão aí hoje, juntos, na mesma pegada. Mas os Paralamas têm uma história e, de repente, podiam se dar ao luxo de esperar sua figura mais importante voltar. Como vocês já devem estar acostumados, não tenho medo de arriscar uma opinião. Dentro dessas opções que apresentei, a mais viável para o LS Jack seria um novo vocalista. Não vejo, dentre os demais integrantes, a força vocal e a presença de palco indispensáveis para substituí-lo nesta função. Além disso, o grupo perderia na qualidade instrumental que cada um deles possui de forma excelente. Isso porque, ao dividir a atenção entre ser a voz principal e tocar o instrumento, dificilmente cada uma dessas atribuições será desenvolvida no patamar mais alto de desempenho.

Quero ressaltar, em especial aos fãs, que não estou, de forma alguma, descartando Marcus ao escrever essas palavras. Muito pelo contrário. Nestas situações, é imprescindível agir com a razão em detrimento à emoção. Lembrar que as contas a pagar continuarão chegando. Tenho certeza de que ele continuará sendo membro da sociedade e, antes de tudo, da banda. Seu lugar está garantido e permanecerá colaborando dentro de suas possibilidades, conforme o cronograma de sua recuperação. Dessa forma, o LS Jack pode esperar tranqüilamente por sua volta absoluta, sem medo de que não aconteça. Afinal, amanhã não se sabe....


Marcus Vinicius Jacobson

Jornalista e diretor do MVHP - Portal de Cifras
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