Na onda das regravações |
Estava sem inspiração para escrever a primeira coluna do ano de 2005. Mas, ontem, ao sintonizar o rádio de meu carro numa emissora onde tocavam as 10 mais pedidas da semana, as idéias se tornaram mais claras em minha mente. Consegui ter uma constatação que me motivou a redigir sobre esse tema: as regravações continuam com força total. Só pra ter idéia, as três primeiras músicas eram canções que foram sucesso nas épocas áureas da mpb e que hoje são trazidas à tona com uma nova roupagem. Duas interrogações podemos colocar nesse episódio. A primeira é saber se a onda das regravações é moda ou uma tendência e a segunda se está comprovado que hoje em dia não se faz música como antigamente, pois passa ano e vira ano, e as regravações continuam a todo vapor. O maior exemplo da repercussão que as músicas antigas estão tendo com o passar dos tempos é o CD do cantor Leonardo. Ele conseguiu reunir, em seu novo álbum, grandes sucessos da MPB. O disco é um dos mais vendidos no país e suas músicas estão estouradas nas programações das Rádios. Isso vem comprovar que as regravações são uma tendência para a música nacional, já que outros artistas, notando esse sucesso, começam a partir pra esse segmento. O que me desagrada é que essa idéia de apostar no sucesso de canções antigas pode virar moda. Lógico que é bom o ``velho virar novo``, mas nem sempre isso acontece com eficiência. Dependendo do artista, ao mesmo tempo que ele pode trazer pra essa juventude músicas inesquecíveis que marcaram época, pode também dar um retorno negativo a essa canção. Isto porque, quem nunca viu determinado cantor ou cantora ou grupo musical ``estragar`` com um grande sucesso do Rei Roberto Carlos, por exemplo? Digo isso baseado no fato de que hoje existem grupos ou artistas de determinado gênero regravando sucessos de outros gêneros totalmente diferentes. Imagine você, escutando uma música de grande destaque da jovem guarda, numa versão de pagode ou uma canção da velha guarda numa batida de rock? Não tenho nada contra os gêneros, até porque já vi grupos de pagode, por exemplo, darem uma roupagem a canções antigas com uma qualidade impressionante. Acontece é que nem todo artista é igual em termos qualitativos. Ao virar uma mania fazer regravações no sentido de ganhar dinheiro e mais visibilidade na praça, o artista pode trocar os pés pelas mãos e meter uma canção das antigas numa grande fria. Imagem é tudo. Se a música atualmente é encarada como um produto e se esse produto não for bem feito, não é só o artista que sai perdendo. Composições de saudosos poetas da MPB também vão pro fundo do poço e aí acabam esquecidas de vez. Espero que os músicos de hoje em dia tenham bastante calma pra decidir o repetório de seus próximos discos. Não queiram entrar na onda de alguma coisa, só porque com outros artistas está dando certo. Pensem de início na na riqueza musical de nosso país, antes da ganância dos poderosos. Só assim as regravações vão ter o destaque merecido nesse momento. Mas antes de mais nada, sejam criativos e pensem em idéias novas, pois foi assim que grandes mestres da música ficaram marcados ao longo do tempo através de suas composições. Quem sabe daqui há 20 anos, pode ser você colega músico ? Afinal, ``sonhar não custa nada``, já diria aquele samba antigo e sempre lembrado.
|