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Os 20 anos da
Axé Music


Mesmo sendo bastante criticada, a Axé Music sobrevevive atraindo cada vez mais adeptos

(03/03/2005)

Na coluna passada tratei de um assunto polêmico oriundo de uma entrevista do roqueiro Marcelo Nova ao jornal Folha de São Paulo e ao portal Globo.Com, que criticava duramente a pobreza musical do momento. É, mas essa metralhadora giratória dele continua a repercutir aqui. Agora, os canhões estão apontados para a Bahia, em especial para a Axé Music, que está completando 20 anos de existência. Para o cantor, os estereótipos que cercam a Bahia acabam por asfixiar o próprio desenvolvimento social da região: "Não se coloca diante desta rotulação o desejo de lutar por algo. Contanto que você tenha a bunda de alguém mexendo ou esteja bêbado atrás de um trio elétrico, está tudo bem. É um conceito avalizado pela mídia, pelos homens de marketing. Tornou-se "big business'". afirmou ele. E quem pensou que acabou por aí, se enganou redondamente. Essa história ainda está dando muito pano pra manga !

De acordo com o polêmico roqueiro, sua idéia quando montou o Camisa de Vênus era esculhambar a Bahia, já que   não tinha nenhuma preocupação com carreira, nem com gravadora. Depois descobriu que o Brasil é uma grande Bahia. ``Nasci numa terra em que a música é cuidada pelos órgãos institucionais, por isso você ouve essa historia de que na Bahia tudo é lindo, maravilhoso...o axé...a praia...eu acho uma m* condicionar uma cultura a um elemento folclórico. Não corresponde à realidade. Eu tinha amigos negros que moravam em condições que não tinham onde defecar, jogavam as fezes pela janela. Quando esses caras tinham oportunidade de se expressar musicalmente, invariavelmente era em cima de um trio elétrico, onde diziam "ah Salvador é meu amor, é lindo a Bahia". Havia um abismo entre a realidade desses artistas e a forma como expressavam seu trabalho artístico``, revelou Nova.

Haja polêmica não é verdade ? Bom sobre isso tudo o que eu posso dizer é que dessa vez o roqueiro não tem tanta razão como antes quando afirmou que a música brasileira estava pobre. Eu acho que a Axé Music é marcada por certos preconceitos, pois por serem músicas melodicamente mais fáceis muita gente acaba caindo de pau sobre ela. É preciso nessa hora não generalizar e saber criticar, pois existe a parte que dá bons frutos e outra parte podre. A música baiana é muito maior do que isso tudo. Como disse o próprio Bell Marques, vocalista do Chiclete com Banana, muita gente fala que a axé não ia durar, mas existe gente muito competente trabalhando com esse tipo de música. Ele está certíssimo, pois ficou mais do que provado que, nos últimos tempos, esse projeto da Bahia faz parte da história da música popular brasileira.

Eu mesmo uma vez já critiquei a Axé Music por causa das bundinhas, ouvidinhos e orelhinhas, mas quero deixar claro que não generalizei jamais. A música baiana é empolgante, é contagiante e tem um swing de dar inveja a qualquer outro ritmo. Acontece que quando as pessoas vão fazendo sucesso com determinadas músicas, a tendência é copiar e aí acaba virando um clichê. Bandas como Araketu, Chiclete com Banana, Asa de Águia, Timbalada e tantos outros que estão surgindo aí são os grandes expoentes desse movimento. Isso sem falar em artistas como Daniela Mercury, Ivete Sangalo que estão sempre levantando, com maestria, a bandeira da Axé Music. Também não podia me esquecer de Luiz Caldas e do grupo Olodum, que, juntos,  foram um dos precursores do movimento.

Portanto, pessoal, temos que ter muito cuidado antes de julgarmos um gênero musical. Ainda mais um gênero que completa 20 anos de existência. Não é para qualquer um definitivamente. Os números não mentem. A Axé Music é um mercado multimilionário responsável por aproximadamente cerca de 25% das vendas de CDs no Brasil, isso sem falar em negócios gerados pelos "Carnavais - Micaretas" que a cada dia que passa estão proliferando pelo país a fora e atraindo uma legião maior de adeptos. Essas críticas tem muito haver também com certos bairrismos musicais. A situação que a Axé Music passa é a mesma comparada com a do Pagode que há algum tempo atrás diziam que estava no fundo do poço. Não é bem assim, pois tem espaço pra todo mundo. A Axé Music existe e ainda vai existir por muitos anos, pois aquilo que é bom não acaba jamais. Para os que odeiam, aí vai um recado:    ``Tire  pé do chão galera!``


Marcus Vinicius Jacobson

Jornalista e diretor do MVHP - Portal de Cifras
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