A volta dos Mutantes |
O Rock nacional está em êxtase. Após 33 anos fora dos holofotes que o consagraram, os Mutantes, grupo dos mais significativos e influentes da música brasileira, está de volta a este cenário luxuoso. Por enquanto o retorno aos palcos faz parte de uma homenagem à tropicália, um movimento artístico cultural, desencadeado a partir de 1968 e que marcou a ruptura da arte contemporânea, inaugurando conceitos e tendências que iriam desembocar na arte brasileira. O show de estréia aconteceu dia 22 desse mês centro cultural Barbican, em Londres, com sua formação clássica quase completa. O evento integra a extensa programação do festival Tropicalia: A Revolution in Brazilian Culture (Tropicália: Uma Revolução na Cultura Brasileira), que teve início em fevereiro último e inclui exposições, mostras de cinema e apresentações de artistas importantes relacionados ao movimento, entre eles a musa tropicalista de primeira hora Gal Costa, acompanhada pelo genial guitarrista Lanny Gordin, e o intrépido Tom Zé. Uma boa notícia é que o show, anunciado na programação como realmente imperdível, vai virar CD. O grupo, que este ano comemora 40 anos de fundação, também já confirmou uma turnê em julho com seis datas pelos Estados Unidos, com shows em Nova Iorque (Webster Hall, dia 21), Los Angeles (Hollywood Bowl, dia 23), São Francisco (Fillmore West, dia 24), Seatle (Moore Theatre, dia 26), Denver (Cervantes Masterpiece Ballroom, dia 28) e Chicago (Union Park, dia 30). Contando com Sérgio Dias (guitarra), Arnaldo Baptista (teclados) e Dinho Leme(bateria), a banda retorna com 2 alterações. Os dois desfalques ficam por conta da cantora Rita Lee, que passou o microfone e uma enorme responsabilidade para Zélia Duncan, e o baixista e produtor musical Liminha, componentes fundamentais da fase mais criativa da banda. Para justificar sua negativa, Rita disse que não gostava de revivals e que sua máquina do tempo "sempre está voltada para o futuro". Eu, que sou muito fã dessa banda, acredito que essa volta pode dar uma sacudida nesse mercado marcado pela mesmice. Porém tem que se tomar cuidado, pois remexer no passado de um grupo que conseguiu se tornar referência do rock , inclusive no exterior, não é tão fácil como se parece. São épocas e momentos diferentes. Nos anos 70 tinhamos uma criatividade musical intensa aliado a irreverência. Fato que nos tempos modernos talvez não exista mais. Outra coisa diz respeito às mudanças que marcaram esse reencontro. Rita Lee e Liminha são 2, dos grandes célebres dessa banda. 2 desfalques consideráveis que, se não forem bem representados, poderá colocar todo esse projeto a perder. De qualquer forma o retorno dos Mutantes é uma grande novidade para o cenário musical e para a indústria fonográfica, mesmo que ainda não esteja totalmente com a formação original. Eu só espero que o público brasileiro seja presenteado com pelo menos uma apresentação da banda e de preferência completíssima, com direito a Rita Lee no vocal e Liminha nos baixos. Iríamos voltar a vanguarda e reviver tempos, onde éramos felizes e não sabíamos !
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