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O descaso com
os ídolos do passado


Morte de Waldick Soriano levanta a polêmica sobre o esquecimento dos artistas que marcaram gerações

(10/09/2008)

O início desse mês foi triste para a música nacional com a notícia da morte do baiano Waldick Soriano, de 75 anos. O cantor tinha mais de 40 anos de carreira e entre os seus sucessos, do gênero brega, estão "Eu não sou cachorro, não" e "Tortura de amor".  Sua morte trouxe a tona um tema muito delicado e que a maioria dos críticos especializados fica sem jeito de falar: o Brasil respeita muito pouco seus antigos ídolos. É meus amigos, mas eu, como de costume, não vou fugir da responsabilidade e dizer que é triste constatar que a mídia só abre espaço para os grandes mestres do passado, só depois que morrem. Você já reparou isso, caro leitor ? Estou pegando o caso de Waldick apenas para exemplificar essa situação, que para nós que lidamos com música é bastante desanimadora. Ele é apenas um em meio a centenas de antigos ídolos que de uma hora pra outra parece que não ``servem`` mais para os holofotes atuais.

Na minha modesta opinião, o verdadeiro artista tem que ter espaço a qualquer hora e em qualquer lugar. Eles foram os precursores do sucesso. E o sucesso chama público e consequentemente a audiência. O que não pode acontecer, de maneira alguma, é permitir que se construa essa realidade, na qual só lembra do ídolo quando morre. Será que ninguém se dá conta que as homenagens em vida valem muito mais ? Será que isso vai se perpetuar pra sempre? Será ? São respostas que não cabem a mim responder, mas sim, os ``poderosos``.

Estava lendo dia desses uma entrevista da atriz Patricia Pillar que foi a responsável pela única homenagem em vida de Waldick Soriano (o filme sobre o astro) e o que ela disse vem de encontro com o que estou escrevendo aqui. Ela teve uma enorme dificuldade de captar recursos para a viabilidade desse projeto e fez questão de frisar que isso se deveu ao fato dos ídolos populares, principalmente os nordestinos, ficarem mais esquecidos. Realmente, assino embaixo o que a atriz abordou. Atualmente, se um desses artistas pré-fabricados realizarem um filme sobre a vida deles, provavelmente esses recursos vão sair da noite pro dia. Agora, em se tratando dos nossos antígos ídolos, a coisa é bem mais complicada.

O pouco caso com nossos artistas do passado é tão grande que tem pessoas que sofrem com as desinformações. Certa vez, recebi um e-mail de uma internauta perguntando aonde estava Celi Campelo, destaque da Jovem Guarda e intérprete da animada música Banho de Lua. Nossa, eu tomei até um susto, de como a notícia de sua morte não chegou ao ouvido de seus fãs. Quem não se recorda, Celi faleceu 04/03/2003, em Campinas-SP, aos 61 anos, vítima de câncer. Infelizmente a notícia não deve ter sido dada em larga escala. O resultado disso é esse mundo de dúvidas que pairam sobre os que construíram o nosso cenário musical.

É preciso que as poderosas emissoras de TV e rádios se unam, dêem um maior destaque e valorizem mais estes cantores que fizeram a alegria de tantas pessoas ao invés de dar valor a determinadas bandas ou cantores que nada acrescentam de conteúdo para nós. Muitos deles, inclusive, sem talento algum.  Vale lembrar que nos EUA os artistas são reverenciados , homenageados e lembrados por toda sua existência. Só aqui, que impera essa falta de respeito. Se depender de mim, sempre darei espaço, no MVHP, aos artistas de todas as gerações, principalmente os que fizeram história. Esses grandes nomes da nossa música não podem ficar esquecidos, pois ídolos não morrem jamais.


Marcus Vinicius Jacobson

Jornalista e diretor do MVHP - Portal de Cifras
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