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O que aconteceu com
a música brasileira ?


Música nacional sofre declínio devido a falta de criatividade de nossos artistas e de interesse da grande mídia

(14/05/2009)

Pode parecer que persigo a música brasileira, que sou crítico demais e um extremo saudosista dos anos 80. Mas na coluna desse mês não tenho como não deixar de falar novamente da mesmice que se tornou a nossa música. Devido aos compromissos de trabalho, férias e outras atividades, fiquei sem ouvir rádio por um bom tempo. Ontem, me bateu uma vontade grande de escutar os novos sucessos, me embrenhar mais por esse mercado ávido por novidades e eis que tomei um susto ao passar pelas diversas estações FMs e me deparar com canções, totalmente aquém, beirando a casa das 10 mais tocadas. Nossa gente, o que que é isso? Será que nossos verdadeiros compositores tomaram um chá de sumiço? Será que a crise mundial afetou também a criatividade de nossos artistas ? Será que o pessoal tá mais interessado em se proteger da gripe suína do que fazer música de verdade ?

Bom, brincadeiras a parte, o negócio tá sério mesmo. Hoje eu não consigo mais distinguir o que é um pagode de verdade, se aquilo que uma dupla chama de sertanejo é sertanejo ou música romântica, se o funk é funk ou apelação. Tá difícil realmente classificar os gêneros no momento. Antigamente a gente tinha a noção exata do que estava se passando. Era só ouvir determinado artista ligado a um estilo que logo reconhecíamos. Mas hoje, a história é outra. Um mesmo grupo ou cantor passa pela MPB, chega ao sertanejo, se envereda pelo pagode e arrisca, inclusive, um funk. Parece que nossos músicos viraram verdadeiros coringas. Jogam em todas as posições.

Pelo menos acredito que a boa MPB continua viva sim e produzindo, à despeito da mídia de massa dar-lhe atenção ou não. Basta procurar os trabalhos de Pedro Luís e A parede ou Roberta Sá, Fernanda Porto, ou ainda os irmãos Luciana Mello e Jair Oliveira, Pedro Mariano. Tem material de muita qualidade, mas que infelizmente tem passado batido na mídia por conta desses barulhos que estão sendo colocados aí. Infelizmente a mesmice faz com que a mídia em geral não olhe com mais carinho pra esses e outros artistas que representam a nata de determinados gêneros. Tem muita gente boa por aí, que por conta da máquina de fazer dinheiro dessa indústria, acaba ficando de fora, acaba esquecido, trazendo, com isso, malefícios para o que hoje chamamos de música.

Ao meu ver existem sim bons compositores brasileiros, porém estão no anonimato. Não é de interesse da mídia vender coisas boas que levam um tempão pra se desenvolver e sim músicas instantâneas que as pessoas aprendam o refrão com facilidade, fale de sexo, tenha duplo sentido e que dê muito dinheiro. É o que chamamos de indústria do consumismo. Acho também que tem muita música estrangeira que vende feito água e que quando conseguimos a tradução não dizem nada de importante e falam também em sexo, dinheiro, etc. É óbvio que bons profissionais existem em todo lugar do mundo e que as melhores composições são as mesmas de dez, quinze anos atrás. Mas como encontrar boas músicas num mercado totalmente descartável como esse?

Um problema grave é que as pessoas aceitam o que é oferecido sem questionar se é bom para elas, pois perderam o senso crítico e não tem capacidade intelectual para escolherem algo mais elaborado. Ficam com a escolha do que é pior, mas de fácil entendimento. E muitos dos nossos intérpretes realmente estão deixando a desejar. Em um país onde ``mulheres frutas`` cantam, dançam e as pessoas aplaudem, não tem lugar para um João Gilberto ou um Chico Buarque. É preciso que sejamos mais conscientes e criteriosos e possamos perceber com isso, a diferença exata entre música e barulho. Senão teremos que nos contentar com CRÉU... CRÉU... CRÉU... CRÉU... CRÉU... CRÉU... CRÉU...CRÉU... CRÉU...


Marcus Vinicius Jacobson

Jornalista e diretor do MVHP - Portal de Cifras
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