ENTREVISTA ESPECIAL :  Claudia Telles


Uma cantora de alma e coração

Claudia Telles completa 30 anos de carreira, fala do cenário atual e mostra uma riqueza musical invejável


Mãe, amiga e umas das principais vozes da música brasileira. Essa é cantora e compositora Claudia Telles, que aos 15 anos de idade começou a despontar para o sucesso e desde então não parou mais. Seus 30 anos de carreira guardam muitas conquistas, lembranças e a certeza de que sua voz sempre será imortal. Suas raízes justificam toda sua história na música. Ela é filha do violonista Candinho e de uma das precursoras da bossa nova, a cantora Sylvinha Telles. Essas 2 pessoas foram fundamentais para o progresso de Claudia, que conseguiu herdar todas as qualidades de ambos os artistas.

O início de Claudia Telles se deu no meio de gigantes. Ainda menina, foi convidada pela mãe para subir ao palco do Teatro Santa Rosa (RJ) no último show da temporada do espetáculo "Reencontro", que reuniu Sylvia Telles, Edu Lobo, Trio Tamba e Quinteto Villa-Lobos, para cantar "Arrastão" (de Edu Lobo e Vinicius de Moraes). Ela começou sua carreira em 1972 fazendo coro em gravações de álbuns para vários artistas, como Roberto Carlos, José Augusto, The Fevers, Gilberto Gil, Jerry Adriani, Jorge Ben, Belchior, Simone, Rita Lee e Fafá de Belém, entre outros. Substituiu a cantora Regina no Trio Esperança, em shows e gravações, durante a gravidez da cantora. Foi também crooner do conjunto de Chiquinho do Acordeon.

Em 1976, foi convidada pela gravadora CBS para lançar um compacto simples com a música Fim de Tarde (escrita por Robson Jorge e Mauro Motta). A canção fez um mega sucesso no Brasil, chegando aos primeiros lugares das paradas musicais. O compacto vendeu mais de 500 mil cópias -o que lhe valeu seu primeiro disco de ouro-, além de outros prêmios para a cantora vários prêmios e participação em vários programas de TV da época. No ano seguinte, Claudia Telles emplacou seu segundo grande sucesso, a canção Eu Preciso Te Esquecer (também composta pela dupla Robson Jorge e Mauro Motta). A canção fez parte da banda sonora da novela "Locomotivas", da Rede Globo.

No fim dos anos 70 gravou outros compactos e um LP, "Miragem". No final da década de 1980, a cantora passou a fazer shows em homenagem a sua mãe, como "Tributo a Silvinha Telles" e "Saudade da Bossa Nova" - que permaneceram em cartaz em diversas capitais. Nos anos 90, ela distanciou-se do gênero romântico que marcou o início de sua carreira e aproximou-se da  MPB, particulamente da Bossa Nova. Entre outras canções regravadas por Telles, estão Dindi e Se Todos Fossem Iguais a Você. A cantora também lançou um CD com músicas de Cartola e Nelson Cavaquinho, um álbum em homenagem a mãe Sylvinha ("Por causa de você"), em 1997, e em 2000 apareceu no mercado com um tributo a Vinícius de Moraes.

Em 2004, Claudia Telles participou de uma temporada de shows no Vinicius Piano Bar, no Rio de Janeiro, ao lado do compositor Paulinho Tapajós. No ano seguinte, fez show de lançamento do CD "Tributo a Tom Jobim" no Bar do Tom, também no Rio de Janeiro. E até hoje está investindo na bossa nova e trazendo o que tem de melhor desse movimento.

Fizemos uma entrevista com a cantora e compositora para que ela pudesse nos falar muito mais coisas de sua carreira. Confira !


http://www.claudiatelles.com.br

Marcus Vinicius Jacobson

Reportagem

Entrevista publicada no dia 15/05/2007

1) Qual o balanço que você faz desses 30 anos de carreira ?

Nesses 30 anos guardei muita coisa linda no coração, de muito amor, reconhecimento, amizades,e também a certeza de que está cada vez mais difícil fazer música nesse país.

 

2) Você começou a carreira de cantora em coros de discos, até lançar, em 1976, seu primeiro compacto com a música "Fim de Tarde. Sentiu muitas diferenças nessa mudança ?

São dois universos completamente diferentes, a mudança exterior foi imensa mas eu sempre continuei a mesma pessoa, me assustei um bocado com tudo porém continuei a trabalhar em estúdio fazendo vocal para outros artistas, é um trabalho que gosto, é bom estar com os amigos do meio, armar vocais legais para embelezar uma canção. O que mudou na verdade é que a gente sai do anonimato.

3) Muitas pessoas afirmam que as coisas do passado eram mais organizadas e de mais qualidade. Em relação aos shows, quais as diferenças entre os que você fazia antigamente, na década de 70, para os que são feitos agora ?

Em relação a shows eu acho ao contrário, hoje em dia é muito mais organizado, mas em termos de gravação, creio que modernidade demais facilita mas tbém deixa um pouco a desejar em termos de qualidade sonora.

4) Como foi a relação com seus produtores e Gravadoras até os dias de hoje? Você conseguiu cantar e desenvolver o trabalho que queria sem intereferências ?

É muito difícil a gente conseguir gravar alguma coisa sem interferência nesse sentido, até porque, se vc não ceder em algumas coisas eles se dão ao direito de não lançar seu trabalho, mas graças a Deus foram poucas as conceções, dificulta muito mais, mas é mais satisfatório.

5) Parece que você chegou a ficar 8 anos sem gravar. Conte-nos um pouco mais sobre isso.

Pois é, eu vim amadurecendo musicalmente e pessoalmente a partir do meu terceiro lp, que para gravadora já foi meio complicado, então acabei ficando 8 anos sem gravar, ainda não havia a facilidade de hoje para gravar e gravar por gravar não era uma boa pra mim. Quando retornei fiz um lp onde metade do disco eram de canções minhas, tinha escolhido um produtor, mas a gradora escolheu outro, acabei aceitando para poder fazer o trabalho e assim a gente vai caminhando, não tem muito jeito.

6) Tenho observado no mercado uma grande repetição de músicas de anos e anos atrás. Você acredita que as gravadoras não estão muito afim de investir no novo ?

Eu tenho toda a certeza disso, pra elas é muito mais fácil jogar um produto no mercado com a certeza que de que já vai ter um público certo por causa das regravações do que investir em novas canções, é o tal do "gancho" pra puxar o cd. No meu cd Sambas e Bossas consegui colocar duas canções inéditas, uma de Jonnhny Alf e uma de Tito Madi, o que me fez muito feliz.

7) Em falar nisso, como você vê essa situação do jabá na música ?

Vejo com muita tristeza, isso sempre houve, mas chegou num patamar que nem as gravdoras estão aguentando pagar, tudo virou inserção comercial, e cara e isso acaba encarecendo muito o preço do cd porque incide diretamente no preço, além de cerciar cada vez mais quem não tem verba para divulgar seu trabalho dessa forma.

8) Como está teu momento profissional ?

Como o de muitos artistas, tentando arrumar dinheiro para entrar em estúdio, porque hoje a gente leva o produto pronto e a gravadora só lança.

9) Quais seus próximos projetos dentro da música ?

Estou com 3 projetos engatilhados, um cd com inéditas minhas e de outros compositores, um cd de música infantil onde escrevi a historinha e compus as canções e um outro cd onde quero regravar coisas do meu pai, o violonista Candinho, parceiro de Lula Freire e Ronaldo Boscoli, que tem canções belíssimas da época da Bossa.

10) Deixe um recado final para o seu público que te acompanha desde longa data.

Mando um beijo imenso para todos, agradeço de coração essa caminhada juntos, continuo me emocionando com as demonstração de carinho e respeito em relação a mim e ao meu trabalho. Só tenho a dizer muito obrigada por tudo até aqui. Valeu Marcus, beijos e obrigada pelo espaço.

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