ENTREVISTA
ESPECIAL : Daniel Gonzaga
Um
artista com vida própria
Filho de Gonzaguinha e neto de
Gonzagão, Daniel Gonzaga mostra através de suas músicas que é possível vencer sendo
independente
Filho de peixe, peixinho é. Com esse ditado, podemos definir o cantor e compositor de música brasileira, Daniel Gonzaga. Filho de Gonzaguinha e neto de Luiz Gonzaga, Daniel herda o ritmo inconfundível do Rei do Baião e cria fusões enriquecedoras para a MPB. É dono de uma forte personalidade e estilo que aparecem em suas composições e interpretações. É possível comparar suas letras ácidas e bem construídas com as do pai. Trata-se de um músico maduro que traça seu próprio caminho, onde a poesia é o grande destaque. Por vezes, seu baião dispara palavras com a velocidade de um rap e, em outras, a reflexão sobre a sociedade em que vivemos é embalada por um xote cheio de swing. De qualquer forma a responsabilidade é grande, mas através de seu talento, Daniel consegue conduzir sua própria vida musical. Nascido no Rio de Janeiro em 1975, Daniel Gonzaga traz consigo uma bagagem extensa. Ele começou a cantar ainda criança, fazendo coros infantis para o pai, para Chico Anísio e outros artistas. Aos 15 anos já tinha uma banda e tocava violão/teclado em festas. Aos 21 gravou seu primeiro disco. Ao todo são 7 trabalhos com muita cultura musical. Sob o Sol 96, Os Passos na Paralela 98, Um banquinho, um Violão 2001 e Areia 2004, Vida de Artista - 2007, Comportamento Geral - 2008, e o último, Pedaços Q contam uma história - Pedaços Q fogem do assunto. Embora seja recorrentemente chamado pela grande mídia para cantar canções de seu pai, Daniel tenta há mais de 15 anos mostrar que tem uma carreira própria. Hoje, sem se preocupar nem um pouco com o poder do monopólio dos meios de comunicação, que não valoriza a boa música brasileira, ele segue com muitas apresentações no Brasil e no exterior e um enorme sucesso por onde passa. E o jovem tem atitude de um verdadeiro artista. Sem se preocupar com rótulos depreciativos costumeiramente aplicados aos filhos de grandes nomes da música, quando resolvem cantar, em seu primeiro disco, por exemplo, Daniel gravou duas músicas do pai; uma outra no segundo; algumas do avô no terceiro; fez um quarto somente com composições próprias, e o quinto, com composições de Gonzaguinha. Por ai já deu pra perceber toda sua personalidade musical. Mas apesar de cantar as músicas do pai em Cds anteriores, em uma espécie de nova leitura, o cantor destaca que sua preferência mesmo é compor as suas próprias canções. Daniel considera também que as influências de Luiz Gonzaga e Gonzaguinha foram bem marcadas por laços de família, e que só mais tarde, já adulto, pôde realmente apreciar a grandeza da obra dos dois. Ele nasceu, cresceu e hoje é um homem de caráter. Um artista de respeito, independente e que está cumprindo sua maior paixão dentro da música : viver e não ter a vergonha de ser feliz. Estivemos reunidos com Daniel Gonzaga que tem muito mais para nos oferecer em termos de carreira. Confira ! Site: |
Marcus Vinicius Jacobson
Reportagem
Entrevista publicada no dia 12/12/2012
1) Qual o balanço que você faz de toda sua carreira até aqui ? Caramba... Rsrs... Bem, acho que ela vai tranqüila... Sou um artista independente e consigo dar muitos shows por ano. Consigo colocar meus projetos na rua e sou respeitado pelo meu trabalho e pela minha forma de posicionamento. Toco a editora Moleque, criada por meu pai, então tenho controle total sobre minhas edições e sobre a maioria dos fonogramas. Vivo de dar shows e de rendimentos que decorrem dos direitos da profissão. E ainda tenho a Biblioteca de Ritmos, projeto de resgate cultural patrocinado pela Eletrobras-Furnas... Estou para gravar o sétimo disco, fiz algumas trilhas e produzi alguns discos. Digamos que ela tenha um crescimento estável de 4% ao ano. Melhor quero Brasil.... Rsrs...
4) Ser filho e neto de 2 monstros sagrados da música é, sem dúvida, um orgulho. Como você está vendo essas homenagens prestadas a eles e que culminaram com o filme Gonzagão de pai para filho? Acho demais. Quisera o Brasil investisse em filmes sobre a historia dos nossos monstros sagrados. Luiz Gonzaga, Villa Lobos, Pixinguinha, Tom Jobim, Noel Rosa.... Homenagens justas, variadas e intensas. Foi um ano sensacional para o Gonzagão.
7) A produção da música descartável está cada vez mais visível no atual cenário. Como você observa isso ? Eu vejo isso de forma natural. Sempre houve música descartável. O problema esta na exposição que se da a ela. Soma-se a isso as redes sociais, os YouTube, as vontades de cada um de sobressair no meio "viral-possível-programa de tv" da internet.... Pronto! Acho que precisamos atentar mais para a educação e tentar reverter esse quadro, que, na realidade é mundial. Que haja o descartável mas também o acesso à outras formas de manifestação.
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