ENTREVISTA ESPECIAL :  Dorina


Uma sambista de alma e coração

Dorina é o grande destaque do mercado independente e tem seu trabalho reverenciado por grandes nomes do samba


``Ela canta o samba com alegria e maestria``. Esse depoimento do mestre Zeca Pagodinho, em meios a outros de grandes sambistas em seu site oficial, retrata com exatidão o que é e quem é Dorina. Ligada ao samba mais tradicional, essa cantora carioca, apesar de estar no mercado independente e não ter um apoio merecido da mídia, é considerada um dos ícones do movimento. Dorina criou-se junto aos blocos carnavalescos do subúrbio como os Bohêmios de Irajá. Foi apresentada ao grande público por nada mais nada menos que Paulinho da Viola. Para provar todo seu talento, arrebatou em 1996, em seu primeiro disco, intitulado, Eu Canto Samba, o prêmio Sharp na categoria Revelação Samba. No repertório, autores consagrados, como Paulinho da Viola (a faixa-título), Chico Buarque ("Tem Mais Samba"), veteranos do samba de raiz, como Mijinha ("Sentimentos") e outros compositores ligados ao samba, como Délcio Carvalho, Paulo César Feital e Altay Veloso.

Mas isso era apenas o começo. Depois disso, ela participou do disco Coisas Nossas (tributo a Noel Rosa) e do CD Samba de raiz, interpretando Eu canto samba, de Paulinho da Viola. Permaneceu por quase um ano com o show "Eu canto samba" no Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte e Recife, divulgando o CD homônimo. No ano de 1997, fez o show "De Paulo a Paulinho", no qual contava um pouco a história da Portela por meio das músicas de Paulo da Portela, Monarco e Paulinho da Viola. No mesmo ano, fez uma temporada no Teatro João Caetano a convite de Zeca Pagodinho. No ano seguinte, participou do projeto "Novo Canto", no Terraço Rio Sul, tendo como padrinho o próprio Zeca.

Os shows eram também sua marca registrada. Ela chegou a apresentar vários com elogios da crítica, entre eles, o do Teatro Municipal de Niterói, com Dona Ivone Lara. Também se apresentou no Portelão, com a Velha Guarda da Portela, e no já extinto Ballroom, com a Velha Guarda da Mangueira. Em 1999 apresentou o show "Carta de poeta", no qual homenageava os 50 anos de Paulo César Pinheiro.

Em meio a tantos shows foi surgindo a inspiração para outros trabalhos. E em agosto de 2000 lançou no Teatro Rival do Rio de Janeiro seu segundo disco, Samba.com, que contou com apresentação de Nei Lopes. No CD interpretou composições de Monarco, Vivência no morro; Wilson Moreira, Oloan e Me alucina (com Candeia), além da regravação de Chuva, de Paulinho da Viola, e a participação de Dona Ivone Lara na faixa Se o caminho é meu (Paulinho Mocidade e Berinjela). Jair do Cavaquinho, Moacyr Luz, Aldir Blanc, Zeca Pagodinho, Jorge Aragão e Sombrinha foram alguns compositores presentes no disco. Nesse mesmo ano, com Monarco, Paulinho da Viola, João Nogueira, Cristina Buarque, Simone Moreno, Wilson Moreira, Eliane Faria e Noca da Portela, participou do disco "Ala dos Compositores da Portela", interpretando o "Hino da Velha Guarda", de autoria de Chico Santana.

Nos anos seguintes Dorina foi se destacando mais ainda com seu carisma. Em 2001, apresentou-se ao lado de Dona Ivone Lara no projeto "Clássicos de Samba", no Teatro Municipal de Niterói, e participou do disco "Casa de samba 4", produzido por Rildo Hora para a Universal Music, no qual interpretou em dueto com Walter Alfaiate a faixa "Falso amor sincero", de autoria de Nelson Sargento. Em 2002, participou do "Projeto Quase às Sete", no Centro de Artes Calouste Gulbenkian, dividindo o palco com Nelson Sargento. Neste mesmo ano iniciou o programa "Dorina.samba" na Rádio Viva Rio AM.

Para quem achava que Dorina tinha encerrado o clico das premiações se enganou redondamente. Em 2003, por exemplo, ela conquistou o prêmio de "Melhor Intérprete no Festival Fábrica do Samba", com a composição Menino de Rua, de autoria de Chico Nataratti. Pegando embalo nessa vitória, lançou no Teatro Rival BR o seu terceiro disco solo, Sambas de Almir, no qual prestou homenagem ao cantor e compositor carioca Almir Guineto. No CD participaram Zeca Pagodinho, Arlindo Cruz e Almir Guineto. Foram incluídas diversas composições de Almir Guineto, entre elas, É, pois, é, Pedi ao céu, ambas em parceria com Luverci Ernesto; Ouro só (com Mussum) e Bombaim (com Arlindo Cruz e Sombrinha).

Os anos de 2004 e 2005 também foram especiais para Dorina. Em 2004 chegou a ser indicada  para o "Prêmio Tim" na categoria "Melhor Intérprete de Samba”. No ano seguinte comemorou 10 anos de carreira lançando o disco Tem mais samba, no qual foram incluídas duas composições inéditas: Só por um momento (Jorge Aragão) e Sempre acesa (Sombra e Luiz Carlos da Vila) e ainda algumas composições de seus três discos anteriores, entre elas Oloan (Wilson Moreira) e Lama nas ruas (Zeca Pagodinho e Almir Guineto).

Seus mais recentes trabalhos também estão dando o que falar.  Em 2006 gravou seu primeiro DVD com as participações especiais de Beth Carvalho, Almir Guineto, o saudoso Luiz Carlos da Vila, Mauro Diniz e Ana Costa. Já em julho de 2007, ela lançou o CD O violão e o samba, onde, acompanhada de feras como Cláudio Jorge e Carlinhos 7 Cordas, o trio canta sambas nos quais o violão é o personagem principal. Em outubro de 2008, seu sexto trabalho independente, o CD Samba de Fé, surge no mercado com participações especiais de Beth Carvalho e Mauro Diniz. Um show a parte.

Como não poderia deixar de ser, Dorina foi entrevistada por nossa equipe e tinha que constar em nossa seção de entrevistados especiais. Confira a matéria que fizemos com ela abaixo !

 

Site:

http://www.dorinasamba.com.br

Marcus Vinicius Jacobson

Reportagem

Entrevista publicada no dia 06/03/2009

1) Qual o balanço que você faz de toda sua carreira até aqui ?

Para uma cantora independente, acho bem positiva, principalmente em termos de resultado dos Cds. Sambas de Almir foi muito bem aceito, vendeu bastante para um CD sem distribuição foi quase 10.000 cópias, o CD o Violão e o Samba que foi um encontro maravilhoso com dois grandes violonistas e agora o CD Samba de Fé que esta sendo considerado um dos melhores Cds de samba de 2008, fico feliz.

2) Você acredita que escolheu o samba ou o samba te escolheu ?

Foi um bom encontro, meu pai dizia que a vida é feita de encontros, os bons voce agarra e guarda e os outros voce deixa pra lá, então eu e o samba nos encontramos ainda em outras vidas.

3) Em 96 você recebeu o prêmio Sharp como revelação do samba. Qual foi a sensação a partir daquela primeira conquista em sua carreira?

Como eu disse antes fazer seu primeiro CD Independente e ganhar um Prêmio da importância do Premio Sharp, foi incrivel e o melhor foi que reencontrei naquele dia no Teatro Municipal do Rio de Janeiro,onde era feita a entrega dos premios, com meu amigo de juventude, que estava lançando seu Primeiro CD pela nova Gravadora Universal e este CD estourou e trouxe de volta ao sucesso Jessé Gomes - Zeca Pagodinho

 

4) Você acha que existe uma discriminação da mídia com o samba?

Acho que ainda existe sim, afinal quem faz samba , e a matéria prima do samba, é no subúrbio e a midia acha que no subúrbio não tem muita coisa bonita pra mostrar.

5) Qual a principal diferença do samba de São Paulo com o samba do nosso Rio de Janeiro, na sua opinião ?

Hoje em dia tem grupos de São Paulo que não deixam nada a desejar para os do Rio de Janeiro - agora clara guardam suas características , o que é legal. Quinteto e Branco e Preto, o grupo Dose certa, enfim tem grupos bem legais em São Paulo, além disso Reinaldo tá lá um tempão, aí tem com quem aprender.

6) Você, juntamente com o saudoso Luiz Carlos da Vila, criaram a Suburbanistas Produções. Como surgiu essa idéia ?

Nós criamos primeiro o grupo Suburbanistas (foram muitos shows) que era Luiz, eu e Mauro Diniz, aí surgiu a idéia do Bloco Suburbanistas que continua até hoje sai dia 08 de fevereiro na rua que Luiz morava - Travessa da Amizade - Vila da Penha, as 14 horas e eu e Luiz abrimos a Suburbanistas Produções pra nós mesmos cuidarmos de nossa carreira, foi uma ótima experiência, conseguimos fazer o selo Suburbanistas e lançamos o CD - O Violão e o Samba e agora o Samba de Fé.

7) Zeca Pagodinho não cansa de, nas entrevistas, enaltecer sua carreira e considera, inclusive, que a mídia deveria olhar com mais atenção o seu trabalho. Como você encara esses elogios ?

Feliz como pinto no lixo!!! Zeca sabe tudo, tomara que escutem ele não é?

8) Fale pra gente sobre seu mais recente CD.

O CD - Samba de Fé é meu sexto CD, gravado ao vivo no Trapiche Gamboa, tem participação de Beth Carvalho e meu irmão Mauro Diniz. Este Cd remete muito ao que ouvia e cantava na juventude, tem 05 musicas inéditas do Moacyr Luz e Sereno, Luiz Carlos da Vila e Riko Dorilêo, do Mauro Diniz, do Adilson Gavião e Adauto Magalha, Roque Ferreira e Tuninho Gerais.

9) Quais os seus próximos passos dentro da música ?

E fazer muito show com este CD, aliás pra quem quiser contratar estamos com novo telefone, entre em meu site ou ligue para (021) 87102307. E para o próximo ano fazer um CD de inéditas.

10) Deixe um recado final pra todos os seus fãs espalhados pelo país a fora.

Um ótimo ano pra todos com muita paz, saúde e sorte, agradecer pelo carinho de sempre e pela força. E fé na vida que o samba é de fé. axé sou fã de voces Dorina

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