ENTREVISTA ESPECIAL : Eduardo Araújo
O
eterno Bom em novo desafio
Depois de escrever seu nome na
história da Jovem Guarda, Eduardo Araújo reparece no cenário apostando no country rock
A Jovem Guarda passou, ficou na memória de muitos que curtiram aquela época, mas um cantor resistiu firme a forte a todas as mudanças e tem se dedicado para dar um toque especial à música brasileira. Estamos falando de Eduardo Araújo, um dos ídolos desse grande movimento iniciado na década de 60 e integrante do Clube do Rock ao lado de Roberto Carlos, Tim Maia, Erasmo Carlos, Renato e Seus Blue Caps e outros. Quem não se recorda de O Bom, gravado em 1967 e que impulsionou a trajetória do cantor. Foi o seu maior sucesso, dentre muitos outros, desses 45 anos de uma carreira vitoriosa e progressiva. A história de Eduardo Araújo na música é bem interessante e vem comprovar de que o verdadeiro artista não nasce da noite pro dia. Eduardo começou a se a apresentar publicamente em Minas, sua cidade natal, em 1960, no programa radiofônico de Aldair Pinto. No mesmo ano, mudou-se para o Rio de Janeiro para estudar veterinária, carreira que abandonou para dedicar-se à música. No ano seguinte, apresentou-se em vários programas televisivos, entre eles o de Jair Taumaturgo, "Hoje é dia de rock", e o de Carlos Imperial, "Os brotos comandam". No mesmo ano gravou pela Philips o rock balada "Diana me deixou", de Alfredo Max e Fernando Costa e o rock "Deixa o rock", de sua autoria. Logo em seguida gravou pela mesma gravadora "Twist do brotinho", de Carlos Imperial e "Rock cha cha cha", de sua autoria e Carlos Imperial. Desanimado com a pouca repercussão de seus discos, voltou para Minas Gerais a fim de repensar sua carreira. Mas para quem pensava que era o fim da linha para Eduardo, se enganou redondamente. O bom guerreiro não desiste da luta jamais, e o cantor, entusiasmado com o crescente sucesso da Jovem Guarda, retornou em 1966 para o Rio de Janeiro para começar sua conquista na música. Obteve, então, seu primeiro sucesso, "O bom", música de sua autoria lançada naquele ano em LP homônimo que incluiria "Goiabão", em parceria com Carlos Imperial, com quem, aliás, faria outro grande sucesso, "Pode vir quente que eu estou fervendo". Nessa época, foi convidado pela TV Excelsior, emissora paulista, para fazer um programa de rock, nos moldes do que era feito pela Jovem Guarda, chamado "O bom", que apresentava ao lado da cantora Silvinha, com quem viria a se casar em 1969. Nesse mesmo ano foi convidado para se apresentar em vários programas da TV Record, também em São Paulo. Apesar do declínio da Jovem Guarda, ao longo da década de 1970 manteve-se ativo, lançando vários discos pelo selo RCA. Em 1975 gravou o LP "Pelos caminhos do rock", no qual interpretou as músicas "Construção" e "Deus lhe pague", de Chico Buarque. Em fins da década de 1970 resolveu abandonar a carreira artística e vendeu todos os seus equipamentos, inclusive um estúdio de gravação. A partir dos anos 80, passou a se dedicar ao estilo country rock, numa volta às suas origens de filho de fazendeiro. Em 1988 lançou o LP "Um homem chamado cavalo", com produção de Renato Teixeira e lançado pela RGE, no qual gravou, entre outras composições, "Boi Barnabé", de Victor Simão e Bob Nelson, "Coração de luto", clássico de Teixeirinha, "Pra saber", de Roberta Miranda e "O som do caminhoneiro", de Renato Teixeira. Em 1990 lançou o LP "Pé na estrada", gravado de forma independente, no qual gravou de sua autoria "Pé na estrada" e "Sinal verde", além da regravação de "Ave Maria no morro", de Herivelto Martins. Na mesma época apresentou o programa "Pé na estrada", na Rede SBT. Apresentou ainda o programa "Brasil rural" pela Rede Bandeirantes. Em 1997 lançou o CD "Pó de guaraná", gravado em New Jersey nos Estados Unidos, contando com a participação da banda de rock Dr. Sin. Embora a mídia confundisse sua sonoridade com o sertanejo, Eduardo não desistiu e continuou, firme, apostando em seu novo gênero. Em 2005 lançou o CD Eduardo Araújo , em que demonstra seu vigor criativo e várias facetas do country rock. Mas a Jovem Guarda não foi esquecida. Nesse mesmo ano, participou de diversos programas de rádio e TV, além de shows comemorativos dos 40 anos da Jovem Guarda, entre eles, no programa Raul Gil, em edição especial de celebração dos 40 anos do movimento, que reuniu diversos expoentes do como Silvinha, Wanderley Cardoso, The Fevers e Waldirene, entre outros. Para falar sobre sua vitoriosa carreira entrevistamos Eduardo Araújo. Confira, com ricos detalhes, tudo que ele viveu até hoje na música ! |
Marcus Vinicius Jacobson
Reportagem
Entrevista publicada no dia 11/07/2006
1) Durante toda a sua carreira você vendeu mais de cinco milhões de discos e ganhou diversos prêmios. Quais conquistas que você ainda persegue ? Já se vão 45 anos de carreira, mas os objetivos continuam, pois tem muita coisa que ainda não se concretizou. As coisas já não são como antes, as armas já não são as mesmas, mas a guerra continua e enquanto ainda estivermos por aqui, continuaremos a luta, pois ha esperança de concretizar novas conquistas. 2) Você foi um dos ídolos da Jovem Guarda e a partir dos anos 80 passou a se dedicar ao estilo country rock. O que te fez optar por esse gênero ? Muito me honra ter sido um dos pioneiros do rock no Brasil, conheço o princípio do rock que nasceu da musica country e do blues, e com a evolução dos tempos, eu acompanhei o rock até a época do rock progressivo, acompanhando e fazendo, gravando, etc, depois com o tempo, descobri que o verdadeiro rock que eu gostava estava na simplicidade do rock de raíz. E quando voltei a procurar, encontrei o country rock e me identifiquei com ele. É pena que o espaço para o genero no Brasil, praticamente não exista e é confundido com musica sertaneja, e não tem nada a ver com ela. 3) Sentiu muitas diferenças quando introduziu novas sonoridades ao seu estilo ? Dentre as diversas tentativas e experiencias minhas vividas com a musica, eu tive o privilegio de ter junto com o Tim Maia na produção, lançado o primeiro disco de soul music brasileiro em 1969, disco de nome: A onda é o Boogaloo.. As sonoridades mais diferenciadas do que eu fazia, estavam no estilo soul. No mais apenas a evolução instrumental e tecnologia em estudios iam modificando a evolução sonora e gosto de inovar até hoje. O som do começo, era de furar pedra, mas era o que tinhamos no momento. Os recursos sonoros de hoje, me levaram a experiencias maravilhosas.
6) Como você avalia a música que atualmente vem sendo executada das rádios de todo o país? Eu não posso avaliar aquilo que o povo quer e que a mídia impõe, na verdade, no meu gosto pessoal, é outro. Não escuto radios e quando escuto prefiro as seguimentadas da MPB. 7) Você percebe que, hoje em dia, a música country não tem tanto espaço como certos produtos descartáveis. O que fazer para reverter isso ? Tentei fazer um espaço que fôsse pequeno, não importa, o que importa é ter novos adeptos ao genero, que curtam e gostam. Infelismente os que fazem o country no Brasil não entenderam que precisa ter união e colocam a sua sobrevivencia em primeiro plano, então eles vivem de fazer o cover para o publico dançar e disptam entre si quem copia mais perfeito. Quando o objetivo era fazer um country Brasileiro e aí sim, com união vc conseguiria abrir espaços.
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