ENTREVISTA
ESPECIAL : Fernanda
Porto
A
diva do Drum´n´Bass brasileiro
Bebendo da fonte do Drum´n´Bass, cantora conquista os ingleses e logo depois estoura no Brasil
Considerada a voz brasileira do Drum´n´Bass, Fernanda Porto vem conquistando um espaço cada vez mais concreto no cenário musical. Suas músicas estão estouradas nas principais pistas de dança do país e seu trabalho conseguiu atingir uma dimensão internacional na mídia. Ela foi uma das principais responsáveis pela MPB se abrir para a música eletrônica que hoje conta com uma legião de adeptos. Sua notoriedade é tão grande que fica fácil distinguir o som de Fernanda para os visitantes gratuitos do estilo. Ela sabe como ninguém fazer canção brasileira e misturar a elas elementos acústicos e harmônicos sofisticados. Cantora, compositora e
multi-instrumentista, a paulista Fernanda Porto não caiu de pára-quedas na música.
Muito pelo contrário. O amor por essa vocação começou deesde cedo. Aos 4 anos, já
apresentava sinais de uma admiração especial pela flauta doce, flagras que foram
registrados em vídeo por uma professora. Aos poucos foi se entrosando com outros
instrumentos e aprimorando suas habilidades. Iniciou os estudos de piano ainda adolescente
com a intenção de ingressar em uma faculdade de música. Logo em seguida, com mais
bagagem, entrou para o curso superior aos 16 anos e em menos de um ano depois, já
quis aprender composição e regência. Misturando ritmos
regionais, MPB e Bossa Nova sempre sobre um beat e usando timbres tipicamente
eletrônicos, Fernanda foi uma das responsáveis pelo início de uma ponte sólida, no
Brasil, entre a música eletrônica, a música brasileira e a música pop. Do seu 1º e
único CD intitulado simplesmente Fernanda Porto pela gravadora Trama, a
cantora compôs 13 das 14 faixas. Sambassim, uma de suas músicas que contagiou
as pistas brasileiras numa versão remix e a releitura de Só Tinha De Ser Com Você
- de Tom Jobim e Aloysio de Oliveira - e que foi tema da personagem vivida por
Renata Sorrah na novela global Um Anjo Caiu Do Céu, conquistando o público e crítica no
Brasil, são os principais destaques do trabalho. Com mais de 10 anos de estrada e com um amplo conhecimento musical Fernanda começou um samba assim, sem pandeiro ou tamborim e veio confirmar essa sua nova fase aqui em nosso site com uma entrevista super especial. Confira, na íntegra, todo nosso papo com a cantora! |
Marcus Vinicius Jacobson
Reportagem
Entrevista publicada no dia 30/03/2004
1) Qual a sensação de ser considerada a voz brasileira do drum'n'bass? Em 97 conheci o Drum and Bass através do Xerxes De Oliveira.Adorei aqueles beats acelerados e cheios de riqueza rítmica. Não sabia por onde começar a pesquisa. Em 98 fui à Londres para buscar mais elementos, inclusive para conhecer a cena como um todo. Jamais imaginaria que dois anos depois, poderia ser reconhecida por um trabalho que na verdade é um eterno desafio. Fazer canção brasileira e misturar a ela essas sonoridades. Como diz o Dj Patife é só ALEGRIA!
4) Você teme que o drum'n'bass possa virar moda e se tornar uma coisa estereotipada dentro do mercado futuramente? Já virou moda. Na verdade é um ritmo que veio para ficar.Como sempre existem as boas e as más produções dentro do estilo. Infelizmente este é um perigo que está por aí. Cabe aos ouvintes saber identificar os visitantes gratuitos do estilo.
7) Só Tinha de Ser com Você e Sambassim foram duas canções que tornaram seu trabalho mais conhecido na mídia. Você tinha certeza que essas músicas estourariam? De forma alguma. A própria letra do Sambassim diz _ Será que é samba assim? Eu assumo letra minhas dúvidas. Passei o ano de 99 compondo várias canções sem ter coragem de mostrar para nenhum DJ. A música é sempre uma fórmula mágica. Tão pouco quero saber premeditar aquilo que faço. O que vale nessa hora é a coincidência entre aquilo que a gente está fazendo e a real necessidade das pessoas precisarem daquilo. 8) Você acredita que o mundo eletrônico, apesar do mercado estar tomado pela pirataria, pode ir mais além revelando mais gente nova? Com certeza! A pirataria atinge mais aos artistas de grande vendagem. Hoje a música eletrônica se tornou mais acessível. Todos os equipamentos que precisamos baixaram de custo graças ao avanço das tecnologias digitais. O artista tem que cavar seus espaços. Eles não são fáceis, mas existem. Se o artista não se dispuser a entender isso, não terá força nem determinação para nada!
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