ENTREVISTA ESPECIAL : Tribo de Jah
O
reggae nacional agradece
Tribo de Jah completa 22 anos na
estrada com um longo histórico de serviços prestados ao gênero
É de São Luis do Maranhão, conhecida como a ``Jamaica Brasileira`` por ser um celeiro de bandas de reggae, que um grupo iniciou uma história de sucesso e hoje é apontado como um dos principais nomes do gênero. Trata-se do Tribo de Jah, que com 22 anos na estrada, é uma das pioneiras e tem um longo histórico de serviços prestados ao reggae nacional. O grupo foi formado na Escola de Cegos por cinco músicos quatro cegos (Frazão, teclados; Aquiles Rabelo, baixo; João Rodrigues, bateria; Neto, guitarra) e um com visão parcial (apenas em um olho), José Orlando, voz e percussão. Juntos, desenvolveram o gosto pela música improvisando, descobrindo e criando timbres e acordes. Logo passaram a fazer apresentações em bailes populares de São Luiz e outras cidades do interior do estado, tocando principalmente seresta, reggae e lambada. O estilo da banda só se definiu como reggae com a entrada, pouco tempo depois, de Fauzi Beydoun (vocais, violão e composições), radialista nascido em São Paulo, filho de italianos e libaneses. Fauzi era a liderança que faltava para o Tribo de Jah conquistar seu espaço e reconhecimento nacional e internacional. O vocalista, que já havia morado quatro anos na Costa do Marfim (África), passou a divulgar ainda mais a cultura reggae, que desde os anos 80 já tinha grande importância na cultura de massa do maranhense. O resultado foi sucesso atrás de sucesso. Só pra ter idéia, com cerca de uma década de existência, a Tribo de Jah já havia participado de grandes eventos de reggae no mundo todo, como o Reggae Sunplahs Festival, na Jamaica, em 1995 e se apresentado na Argentina, Itália, Guiana Francesa e muitos outros países. Era a confirmação do posicionamento de respeito que a banda havia alcançado no reggae mundial. A nível nacional a história não poderia ser diferente. Muitas foram as conquistas e as realizações. O grupo já se apresentou em palcos de todo o Brasil (inclusive no Rock in Rio 3, em 2001) e foi conquistando o meio com seu reggae de raiz, com mensagens de amor e paz, política e denunciando desigualdades sociais, o que de certa forma afastou apenas as grandes gravadoras, algumas rádios e TVs. Mesmo driblando esses preconceitos, de forma independente a Tribo de Jah continou fazendo shows e divulgando seus discos. Hoje conta com uma gravadora e distribuição a nível nacional. O trabalho da Tribo de Jah é vasto e recheado de sucessos. Atualmente contam com 14 CDs e 1 DVD, onde se percebe 2 marcas registradas da banda: originalidade e autenticidade. Quem ouve os trabalhos percebe que o grupo já é referência no gênero e pode alçar vôos ainda mais altos. Até porque, quem imaginaria que a Tribo, mesmo sem apoio da grande mídia e por fazer parte de um gênero, que quer queira ou não, ainda conta com preconceitos, chegasse a colocar seu som em países inusitados como como Cabo Verde na África e Guiana Francesa e até mesmo ter lotação esgotada em Londres, durante uma turnê para o pré-lançamento de um trabalho para o mercado internacional ? Pois é, essa é a Tribo
de Jah, que atualmente está lançando seu novo trabalho, intitulado Refazendo.
Mesclando temas escolhidos pelos integrantes, sucessos sugeridos pelos fãs e cinco
canções inéditas, o CD é um lançamento da LGK Music com distribuição da Som Livre.
Certamente, sucesso garantido. Para falar mais sobre ele e a história e planos da banda,
entrevistamos o vocalista Fauzi. Confira, abaixo, a boa matéria que eles nos proporcionou
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Marcus Vinicius Jacobson
Reportagem
Entrevista publicada no dia 09/12/2008
1) Qual o balanço que vocês fazem da carreira do grupo até aqui ? Com 22 anos de estrada, só o fato de estarmos ainda ativos e trabalhando bastante já é um grande trunfo. Mas o lado mais gratificante de uma carreira longa como essa é que a banda foi ganhando mercado gradativamente, chegando cada vez mais longe e ainda encontra perspectivas novas para expandir mais o seu trabalho. Ha tambem o fato de que a banda ta cada vez mais madura, segura do seu propósito e com muito gas, querendo mostrar muita coisa para o seu publico. Para quem nao imaginava nunca sair alem das divisas do Maranhao, ha que se reconhecer que a Tribo foi longe demais.
3) Os oito primeiros anos da Tribo foram muito difíceis já que vocês faziam turnê no sertão, no interior da Amazônia, na caatinga. Aos poucos foram conquistando o espaço e começaram a aparecer as viagens internacionais. Como vocês lidaram com esses contrastes ? A banda sempre se impos grandes desafio. Hoje, a galera vai pro exterior porque sabe da importancia de abrir novos mercados mas se pudesse escolher ficar no Brasil acho que a maioria o faria. Essas viagens pro exterior sao sempre muito cansativas e requerem muita determinacao de toda a equipe. Mas as coisas foram acontecendo de forma progressiva. Fizemos muitas viagens pelo Brasil tambem que foram muito dificeis, inclusive nas primeiras vezes que a banda veio para Sao Paulo (a primeira foi de onibus Itapemirim, 3 dias e 3 noites no busao pra chegar em Sao Paulo) e quanto tentou se instalar aqui sem condicoes, sem grana, enfim, foi uma dificuldade muito grande em que um ou outro da banda as vezes pensava em desistir.
6) Quais as principais diferenças do som da Tribo em relação às outras bandas de Reggae brasileiro? Tava comentando numa resposta anterior a questao da originalidade e da autenticidade. Se voce pegar um cd da Tribo analisando cada cançao de 1 a 14, por exemplo, voce vai ver uma diversidade muito grande de variaçoes musicais e tambem da temática das canções. A questao da atitude tambem que falei é bem palpável no trabalho da Tribo porque a gente aborda as mais diferentes questoes de forma direta e contundente. To falando aqui daquilo que eu acho que a Tribo tem de melhor mas preferiria nao comparar o trabalho da Tribo com o de outras bandas. Acho que tem bandas muito boas na cena nacional hoje. Sou muito fã do Nengo Vieira por exemplo mas tem muitos nomes bons por aí. 7) Vocês estão há mais de 20 anos juntos e são um dos grandes nomes do reggae nacional, senão internacional. Ainda falta conquistar alguma coisa? Acho que mesmo a nivel nacional a banda poderia ter um reconhecimento maior da imprensa e da grande midia mas a gente prefere ver o quanto ja conquistamos e acho que nao foi pouco. O maior patrimonio da banda é sem duvidas a grande legiao de fãs fiéis que a banda tem em todo o Brasil e tambem no exterior. Mas, com certeza, tem muito por conquistar, principalmente a nivel internacional. Estamos na luta!
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