ENTREVISTA
ESPECIAL : João Bosco
Um
lançamento triunfal para a MPB
Depois de 6 anos sem gravar um álbum
com inéditas, João Bosco lança trabalho com novos sucessos e retoma sua inesquecível
parceria com Aldir Blanc
João Bosco é o que podemos considerar de ícone da MPB. Cantor e compositor consagrado, desde o início sempre foi o fiel intérprete das próprias canções. Canções essas que chegaram a virar clássicos na voz de outros artistas do gênero, como por exemplo, a saudosa e fantástica Elis Regina. Quem não se recorda de Mestre-sala dos Mares, Dois pra Lá, Dois pra Cá e O Bêbado e a Equilibrista, que se tornou um hino informal da anistia política? Esses e tantos outros sucessos fazem parte desses 37 anos de carreira de João Bosco, que depois de 6 anos sem lançar um álbum de inéditas, chega ao mercado com o novíssimo Não vou pro céu. Um trabalho digno de um representante da MPB e que consegue a veia instrumentista e de compositor do artista. João Bosco, que é irmão do também cantor Tunai, começou a tocar violão aos 12 anos, incentivado pela família cheia de músicos, em Minas Gerais. Anos mais tarde foi para a faculdade de engenharia Metalúrgica em Ouro Preto, e, sem abandonar os estudos, dedicou-se à música, atraído principalmente pelo jazz, bossa nova e tropicalismo. Um de seus primeiros parceiros foi Vinicius de Moraes, que o encorajou a ir para o Rio de Janeiro. Algumas músicas da dupla são Rosa dos Ventos, Samba do Pouso e O Mergulhador. Em 1971 conheceu o letrista Aldir Blanc, com quem faria uma série de geniais parcerias (Bala com Bala, De Frente pro Crime, Kid Cavaquinho, Caça à Raposa, Falso Brilhante, O Rancho da Goiabada). No ano seguinte, João termina a faculdade e se radica no Rio de Janeiro, onde grava sua primeira música, Agnus Sei (parceria com Aldir) no lado B do Disco de Bolso lançado por "O Pasquim" que lançava Águas de Março, de Tom Jobim. No Rio compõe muito com Aldir Blanc, e várias dessas parcerias se tornam clássicos na voz da inesquecível Elis Regina, como já mencionamos anteriormente. Vale lembrar que ainda na década de 70, o cantor lançou discos solos que o destacaram como violonista virtuose, elogiado por ases como o inglês John McLaughin, e compositor. A mistura mineiro/carioca de João Bosco e Aldir Blanc foi, com certeza, uma das mais bem sucedidas parcerias da MPB. Porém em 1983, ambos os cantores romperam os laços e a parceria foi desativada. Com isso, João passa a atuar mais freqüentemente como cantor, e encontra outros parceiros como Capinam ("Papel Machê", outro grande sucesso), Waly Salomão e Antônio Cícero Holofotes, além do filho poeta, Francisco Bosco, com quem compôs as faixas do disco As Mil e Uma Aldeias. Porém vale lembrar que em 2006 Aldir e João retomaram essa união, que é importante diante da relação de amizade e fraternidade que eles mantêm. Podemos dizer que o retorno da parceria Aldir Blanc-João Bosco, mais do que um emocionado reencontro, é um presente para a nossa MPB. A década de 2000 continuou sendo de grande destaque na vida do cantor. O ponta pé inicial foi a gravação do 20º disco Na Esquina, pela Sony Music, que consolidou a parceria com o filho, o poeta Francisco Bosco. Em 2001, gravou o CD duplo ao vivo, com repertório integral do show Na Esquina Ao Vivo. Fez, inclusive, muitos shows em diversas capitais do país e turnê pela Europa e USA. Depois de um intervalo de quase cinco anos, o cantor lançou em 2003, o inédito Malabaristas do sinal vermelho. O trabalho, outra parceria com o filho Francisco Bosco, foi bem acolhido pela crítica e até recebeu uma indicação ao Grammy de Melhor Álbum de Música Popular Brasileira. Não podemos deixar de mencionar também a sua conquista em 2004, juntamente com Aldir Blanc, do prêmio "Shell de Música", em sua 24ª edição, no teatro Carlos Gomes do Rio de Janeiro. Em 2006, para comemorar
seus 30 anos de carreira o artista decidiu presentear os fãs com o lançamento de
seu primeiro DVD ao vivo, Obrigado gente , no Auditório Ibirapuera, em São
Paulo, pela Universal. O trabalho traz no repertório sambas célebres da década de 60 e
hits mais recentes do cantor. O show foi gravado em São Paulo e contou com
participações de Guinga, Hamilton Holanda, Yamandú Costa e Djavan. Sem dúvida alguma
foi mais um marco na carreira desse verdadeiro artista. Para falar sobre esse lançamento e outras novidades trouxemos João Bosco aqui pro MVHP. Confira na íntegra ! |
Marcus Vinicius Jacobson
Reportagem
Entrevista publicada no dia 16/08/2009
6) Esse álbum rompe um jejum de seis anos. Desde "Malabaristas do Sinal Vermelho" (2003), não tinhamos um CD seu com inéditas. Você acredita que essa parada foi benéfica pra esse seu novo trabalho ser um referencial ? Nesse meio-tempo que você chama de jejum, eu gravei um dvd Obrigado Gente. Que desde o seu lançamente é muito bem recebido aqui. Fiz várias turnês pelo Brasil e fora dele com essa formação. Gravei um outro dvd e um cd ( 19 canções ) com uma das mais importantes bigband da Europa, a alemã de Hamburgo NDR, que deverá estar saindo por lá até o final do ano pela gravadora alemã ENJA. Espero que no Brasil isso também possa ocorrer até o final do próximo ano... Não há como não engordar com esse jejum! 7) Nesse disco, seu fillho Francisco Bosco é o parceiro mais presente com cinco canções. O que representa essa sua parceria musical com ele? A parceria em música é o ato de duas ou mais pessoas se juntarem para produzir uma canção que, ao final, deve dar a impressão que foi feita por uma só pessoa. Essa é a idéia básica de uma parceria. Ela não sofre alterações quando o parceiro é o seu filho. O exercício é o mesmo. A mesma procura . A mesma exigência.
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