ENTREVISTA ESPECIAL: Kiko Zambianchi

A cara dos anos 80 está de volta

Após dez anos sem gravar, um dos principais guitarristas dos anos 80 lança novo disco


Kiko Zambianchi. De volta com o mesmo carisma de sempre!

Ele andava sumido desde a década de 90, mas nos últimos dois anos se tornou figura importante durante os shows da turné do CD acústico do Capital Inicial. Estamos falando do autor de hits como Rolam as Pedras e Chove (Primeiros Erros). Isso mesmo, Kiko Zambianchi. Um dos principais guitarristas e compositores dos anos 80 está voltando ao cenário musical de nosso país com força total. O cantor que ficou longo período afastado da mídia, retorna aos palcos com um novo trabalho, intitulado Disco Novo, com músicas inéditas. Para os fãs de Kiko aí vai mais uma boa notícia. Seu retorno não ficará restringido somente a este Cd. Mais dois estão sendo preparados para serem lançados em breve.

O ressurgimento do Capital Inicial foi preponderante para Kiko Zambianchi. O músico  tornou a encontrar seu espaço na cena pop-rock brasileira. Durante um show da banda, em março do ano passado, foi ovacionado com entusiasmo pela platéia. O sucesso foi tão grande que, minutos depois, nos bastidores da casa de espetáculos Olympia, em São Paulo, o presidente da gravadora Abril Music o chamou num canto e propôs a gravação de um disco. A conversa virou contrato de três anos, período em que lançara seus dois próximos trabalhos.

Natural de Ribeirão Preto (SP), Kiko começou a tocar guitarra na adolescência. Participou de festivais estudantis e peças de teatro, fez shows pelo interior, formou a banda Kiko e Vida de Rua e aos 21 anos mudou-se para São Paulo, onde gravou e lançou em 1985 pela EMI o LP "Choque", que emplacou três sucessos: a faixa-título, Rolam as Pedras e Chove. O disco seguinte, "Quadro Vivo", foi lançado em 1986, e teve a faixa Alguém incluída na trilha sonora da novela "Roda de Fogo" (TV Globo), projetando seu nome nacionalmente.

Outro grande sucesso de sua autoria foi Eu Te Amo Você, gravado por Marina e recentemente por Patrícia Coelho. Depois de "Kiko Zambianchi", disco de 1987, lançou em 89 "Era das Flores", mas nenhum dos dois teve a repercussão desejada. Esta só chegou em 1990, quando gravou uma versão de Hey Jude, dos Beatles, especialmente para a novela "Top Model". A versão, feita por Rossini Pinto, alcançou o topo das paradas de sucesso de todo o país. Depois do êxito estrondoso, o compositor passou algum tempo sumido, até que em 1997 lançou "KZ", pela gravadora Warner, com remixes de antigos sucessos e músicas inéditas, além de regravações de composições de Caetano e Gil.  No ano 2000, ocorreu, então, seu retorno no disco Acústico do Capital Inicial, com quem se apresentava durantes os 250 shows que realizaram juntos.

Mas quem pensa que a parceria de Kiko Zambianchi com o Capital Inicial parou por aí, se enganou redondamente. No novo disco da banda brasiliense " Rosas e Vinho Tinto", Kiko participa, com maestria, de 9 músicas, além de atuar na pré-produção ao lado do vocalista Dinho. O músico ressalta que aprendeu muito com a banda formada por Dinho e Cia durante a turné do Cd Acústico e considerou o trabalho positivo, visto que vendeu 1 milhão de cópias.

Animado com o CD que está lançando e sua volta aos palcos, Kiko Zambianchi nos recebeu para falar de sua nova fase na carreira. Confira, na íntegra, todos os planos de Kiko e tudo que o cantor passou quando esteve afastado da mídia.

 

SITE OFICIAL -> http://www.uol.com.br/kikozambianchi

Marcus Vinicius Jacobson

Reportagem

Entrevista publicada no dia 23/06/2002

1) Você ficou cerca de 10 anos sem gravar. Qual motivo levou você ficar longe dos palcos por tanto tempo?

Fiquei muito tempo sem gravar porque não havia espaço para as minhas músicas. As gravadoras estavam interessadas em outro tipo de som e as propostas que apareciam eram para fazer trabalhos que eu não gostava. Passamos por um período de sertanejo, axé e pagode que foi complementar a todo esse desinteresse.

2) Qual fato mais marcante que te levou a repensar a carreira e voltar a gravar um disco novo?

Depois que fiz o trabalho com o Capital Inicial recebi um convite do presidente da Abril Music para fazer um disco com músicas inéditas e aceitei. Ainda tenho mais 2 discos a serem lançados pela Abril.

O músico dedilhando seu instrumento como ninguém

3) O que que você andou fazendo nos últimos anos?

Trabalhei com música durante todo o tempo que estive fora da mídia. Fiz várias trilhas para teatro e também para a tv.Além disso fiz muitos shows sozinho com o meu violão.Continuei compondo e ainda produzi e arranjei alguns discos de pessoas que me procuravam.

4) Fale pra gente sobre seu novo álbum, intitulado ``Disco Novo``.

È um disco onde mostro algumas dessas composições que fiz ao longo desses anos em que não gravei músicas inéditas. Algumas músicas foram feitas no começo dos anos 90 mas a maioria é recente. Esse disco, na minha opinião, é pop-rock com letras falando de relacionamento e do tempo que estamos vivendo.Tem músicas que gosto muito como "Tudo é possível", "Norte e sul", " A nossa música", Nirvana Psicodélico" e " Máquina do tempo".

5) Em seus discos, as canções são praticamente de sua autoria, isso sem falar em outras composições suas que estão na voz de outros cantores e bandas. Como costuma compor?

Gosto de compor em casa e sozinho. Não gosto de escrever ou fazer música com alguém olhando apesar de já ter feito muitas músicas assim. Prefiro estar sozinho em casa ou em um quarto de hotel. Componho muitas músicas mas a maioria fica esperando a vez. Uso em média uma entre sete músicas que faço.Também componho para o artista, pensando no seu estilo. Gosto de variar e fazer músicas diferentes . Adoro quando alguém grava uma de minhas músicas . Só neste ano 30 músicas minhas foram gravadas e apenas treze por mim mesmo.

 Kiko ao lado de Dinho, durante um dos shows do Capital Inicial

6) Como foi ser  convidado para participar do Acústico do Capital Inicial que vendeu mais de 1 milhão de cópias ?

Achei muito legal ser convidado para esse projeto que a MTV faz tão bem no mundo inteiro. Foi uma chance de mostrar o meu potencial e ao mesmo tempo trabalhar com amigos. O Capital é hoje um segundo trabalho na minha carreira. Estamos muito ligados depois desse sucesso. Eramos amigos mas não tinhamos tanta cumplicidade.Sempre fazemos shows juntos e pensamos em alguma música nova. No disco " Rosas e vinho tinto" participo de 9 músicas fazendo backing para o Dinho e temos duas músicas junto com o Alvin nesse mesmo disco. Fiz também a pré-produção junto com o Dinho e o Alvin. Foi muito bom ter sido convidado para fazer o acústico e ajudar um pouco esse mega sucesso acontecer.

7) E se a MTV te oferecer um Acústico, você toparia?

Seria muito bom!!! Como eu já disse, este projeto é muito bem feito. Quem fez pode dizer como é.Tudo é muito bem ensaiado, dirigido e filmado. Eu acho que estou quase preparado para isso mas ainda gostaria de lançar um outro disco de inéditas antes que isso acontecesse.

8) Qual avaliação que você faz da nova safra do rock nacional? Os anos 80 deixam saudades?

Acho que existem boas bandas aparecendo e acho que a volta de algumas bandas ao cenário musical vai fazer com que outras apareçam. A um tempo atras as bandas ficaram sem referência de rock nacional e começaram a fazer cover das bandas americanas o que atrasou o processo de criação . Acho que em pouco tempo teremos muitas novas bandas boas. Os anos 80 deixa saudades porque foi uma época em que o rock foi dominante e existia uma procura por novas tendência durante o tempo todo. Isso fez com que muitas bandas aparecessem e desaparecessem rapidamente mas o nível de qualidade das rádios era infinitamente superior ao atual.

9) Na sua opinião, tem algum artista em especial que conseguiu interpretar com maestria alguma de suas composições?

Acho que o Capital Inicial foi a banda que mais soube tocar uma música minha, mas eles tiveram a minha presença ao lado o que deixa de ser uma interpretação exclusivamente deles. Acho que o Surto também fez a sua parte tocando "Tudo é possível". Mas gosto da gravação do Erasmo Carlos, da Patrícia Coelho, da Marina entre outros.

10) Deixe um recado final pra toda a galera que curte o rock nacional, principalmente aos seus fãs.

Queria agradecer a todas as pessoas que estão acompanhando o meu trabalho e dizer que ainda tenho muitas músicas inéditas e que estarei sempre tentando fazer o melhor para vocês. Acho que o Brasil tem um potencial artístico enorme em todos os estilos musicais, inclusive no rock. Não podemos permitir que o nível das nossas rádios caia novamente do jeito que aconteceu nos anos 90 e espero que consigamos nos livrar dessa baixa qualidade de músicas por um bom tempo. Um abraço KZ !

Kiko aproveitando para dar seu recado final!

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