ENTREVISTA
ESPECIAL : Pery Ribeiro
A
grandiosidade da Bossa Nova
Pery Ribeiro, filho de Dalva de
Oliveira e Herivelton Martins, comemora 50 anos de carreira e tem atuação ímpar à
frente do gênero
Um dos cantores mais
importantes do movimento Bossa-Nova e o primeiro a gravar Garota de Ipanema. Assim é Peri
de Oliveira Martins, ou apenas Pery Ribeiro, filho da famosa cantora Dalva de Oliveira e
do compositor Herivelto Martins. Pery, que passou a adotar o nome artístico nos
anos 50 por sugestão do radialista César de Alencar, está em evidência no momento
devido aos seus trabalhos elogiadissimos no exterior e também principalmente a minissérie
Dalva & Herivelto que a TV Globo exbirá agora em janeiro e que
contará um pouco sobre a vida e relacionamento amoroso da cantora Dalva de Oliveira e o
músico Herivelto Martins. Sem dúvida, uma ótima oportunidade para também conhecer um
pouco sobre Pery Ribeiro, esse excelente cantor e compositor brasileiro. Em 1961 foi o intérprete de Manhã de Carnaval e Samba de Orfeu, ambas de Luiz Bonfá e Antônio Maria. Com Luiz Bonfá gravou o LP Pery Ribeiro e Seu Mundo de Canções Românticas, um estilo sempre presente em sua carreira. De seus relacionamentos com a bossa nova surgiu a primeira gravação de Garota de Ipanema (Tom Jobim/ Vinicius de Moraes), feita em 1963, no disco Pery é Todo Bossa, pela Gravadora Odeon, e cerca de 12 discos dedicados a esse repertório. Desenvolveu trabalhos mais jazzísticos, em 1965, ao lado de Leny Andrade e Bossa 3 (com quem obteve sucesso na gravação ao vivo do show "Gemini V"), viajando pelo México e Estados Unidos, onde atuou também ao lado do conjunto de Sérgio Mendes. No decorrer de sua carreira chegou a gravar também discos em parceria com o pianista Luiz Eça. Entre os 50 troféus e 12 prêmios que ganhou, estão o Roquete Pinto, o troféu Chico Viola e o Troféu Imprensa. Foi apresentador de programas de televisão e participou de alguns filmes no cinema nacional. Sua notoriedade é tão grande que em 2003 Pery foi homenageado pela Fundação Relief for Life Foundation, de Miami Beach - Florida, que tem como missão doar equipamentos médicos e Cadeiras de Rodas aos deficientes fisicos pobres na América Latina. Sem dúvida, uma grande homenagem a esse grande cantor. Apesar da mídia não dar um espaço merecido a bossa nova, Pery continua se apresentando em shows, trabalhando como empresário e lançando CDs de qualidade. Assim foi nos anos 90 e em 2000. Nos últimos anos, ele excursionou pela Europa se apresentando em importantes festivais de Jazz, ao lado de nomes como George Benson, Herbie Hancock, Pat Metheny, Ernie Watts e Keith Jarret. Seu último trabalho foi o CD Cores da minha Bossa, que foi gravado entre Rio e Miami (onde o cantor reside) e lançado nos EUA e no Brasil. O trabalho conta com as participações de Arturo Sandoval, Roberto Menescal, Ed Calle, Rildo Hora e Leo Gandelman. Para falar sobre os 50 anos de carreira e os projetos que tem em mente sobre Dalva e Herivelto, trouxemos para o MVHP Pery Ribeiro. Confira a entrevista abaixo ! |
Marcus Vinicius Jacobson
Reportagem
Entrevista publicada no dia 28/12/2009
1) Qual o balanço que você faz de sua vasta carreira até aqui? Ah, um balanço mais do que positivo... Fui sempre muito abençoado, participei do mais importante movimento musical desse país, a Bossa Nova, me tornei um artista que chegou aos mais longínquos palcos do meu país e ainda tive a oportunidade de levar o meu canto e a música brasileira mundo afora, tendo trabalhado nos mais importantes palcos do mundo, como o Carnegie Hall, em New York, para citar um exemplo.
4) Você é um artista que transita entre a Bossa Nova e a MPB. Você vê diferença entre esses 2 gêneros ou o que você faz é um trabalho único ? De uma certa forma tudo pertence ao mesmo universo: o da música de qualidade. A Bossa tem um samba diferenciado, com uma influência jazzística e é interpretada em tonalidades mais baixas. A MPB é mais eclética e engloba mais vertentes musicais e diferentes comportamentos. São nuances de interpretação, sendo que a Bossa Nova ficou mais ligada a um repertório criado nos anos 60. Depois disso muito pouco se fez, e foi exatamente por isso que o movimento não se renovou, ou expandiu mais, por ser muito fechado.
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