ENTREVISTA ESPECIAL : Patricia Marx
Decidida
e totalmente livre
Patricia Marx ressurge no mercado com
novo trabalho, boas idéias e uma postura totalmente independente e promissora
Ícone dos anos 80 com a bem sucedida banda infanto-juvenil Trem da Alegria e depois de um início promissor em sua carreira solo, Patricia Marx retorna aos holofotes com um projeto livre e totalmente diferente do convencional. Depois de repensar toda sua vida, a jovem cantora continua apostando suas fichas em seu novo trabalho, ao qual a conduzirá a uma guinada artística no mercado. Vale lembrar que Patricia permaneceu na linha pop até 1997 e logo em seguida decidiu dar uma parada em sua história para analisar o que estava certo e errado e seguir uma faceta que ela incorporasse de corpo e alma. E parece que deu certo. O tempo em que ela ficou ausente dos palcos, a cantora evoluiu como mulher e profissional e aos poucos vao conduzindo seu novo trabalho como se fosse seu primeiro filho. A história de Patricia Marx é bastante interessante. Ainda aos 7 anos, Patrícia começou a descobrir seu talento imitando e dublando sucessos de Gal Costa. Nesta época participou do concurso de calouros do programa de Chacrinha e do programa Domingo no Parque, apresentado por Sílvio Santos. Integrou, ao lado de Juninho Bill e Luciano, o Trem da Alegria, e, após o fim do grupo, dedicou-se a carreira solo, gravando musicas essencialmente pop. Teve algumas músicas colocadas em novelas que impulssionaram sua carreira. "Quando Chove", por exemplo, virou hit na novela global "A Viagem". Em 1992, a cantora fez um disco para o mercado japonês chamado "Neoclássico" em que interpretava standards da música brasileira - de Pixinguinha a Tom Jobim, de Noel Rosa a Rita Lee. Em seguida, de 1995 a 1998, já com o "Marx" incorporado ao seu nome artístico, ela gravou com produção de Nelson Motta e para o selo dele, o Lux Music, três cds. Depois, em 1998, Patricia viajou para Nova York e mais nove cidades do Japão para divulgar Millenium - uma compilação com alguns dos melhores momentos da cantora em toda a sua carreira. As versões ao vivo de "Samba de Verão" com Marcos Valle e "Sabiá" e com Nando Cordel abrem a seleção de 20 sucessos de Patricia que após esse disco resolve parar para "respirar" por quatro anos. Nesse meio tempo ela casou-se com o produtor Bruno E, com quem teve um filho, e aproveitou a pausa para refletir e reciclar as idéias. Quatro anos depois, de volta de seu retiro, surge uma nova Patricia musicalmente mais sofisticada.
Em 2002, Patricia foi morar um ano em Londres para divulgar seu álbum e fez três turnês pela Europa, se apresentando nas principais capitais - em lugares como Favela Chic (Paris), ICA, Cargo, Notting Hill Carnival, Momo's (Londres), La Palma Jazz Club (Roma), Quasimodo Jazz Club (Berlim) e em lugares em Amsterdam, Viena, Lisboa, Suiça, Bélgica, Portugal, Holanda. Lá ela conhece outros conceitos musicais. Surgiu, então, o disco que marca a atual fase da cantora. Batizado de "Patricia Marx", o título homônimo marca uma nova era de criação e autonomia. Mais segura, agora com 30 anos, além de compor, ela toca e faz arranjos de cordas e programações eletrônicas trazendo influências das casas londrinas de black music e broken beats. Apostando no time que deu certo no disco anterior, conta novamente com a participação dos produtores 4hero e Bruno E. e novos parceiros como o Jair Oliveira, Silvera e Ady Harley. Um álbum que recebeu excelentes críticas e firmou definitivamente o nome de Patrixia Marx no mercado internacional. Deepois de passar pelo piuí abacaxi, de cantar músicas românticas em trilhas sonoras de novelas globais, de mesclar Bossa Nova com Drum n Bass, Hip-Hop com Jazz, ela finalmente parece saber escolher os seus caminhos sozinha neste seu novo trabalho. E para falar sobre a nova Patricia Marx, fizemos uma entrevista super especial com ela. Confira ! |
Marcus Vinicius Jacobson
Reportagem
Entrevista publicada no dia 15/08/2007
1) Qual o balanço que você faz de toda sua carreira até aqui? Um saldo bem positivo. Sinto que evoluí muito como artista e como pessoas em todos os sentidos. Tudo é aprendizado. Acho que cumpri bem o meu papel, sem deixar de lado qualidade e respeito pelo público que gosta e acompanha meu trabalho desde então. Sou muito grata a eles por tanto carinho e respeito à minha liberdade de expressão musical. 2) O que mudou da Patricia dos anos 90 para a Patricia Marx de agora ? Definitivamente tudo! Sou uma outra Patricia. Até as minha células já não são mais as mesmas (risos). Sou mulher, casada, mãe o que muda tudo praticamente. Dou valor a coisas mais importantes que fama, elogios, sucesso (que é passageiro) e fazer social se não estou com vontade. Lógico que sou muito feliz pelo reconhecimento verdadeiro do público, mas hoje me sinto livre pra fazer tudo o que quero e como quero. Vou a todos os lugares com tranqüilidade, sou mais feliz e ainda faço música da maneira que acredito. Tenho minha carreira consolidada no exterior, todos os anos faço turnê pela Europa e tenho uma família linda. Que mais eu posso querer? Aprendi que a vida é bem mais simples do que se imagina. Temos mania que sempre querer mais e mais e no fim, acabamos frustrados e achando que tudo acabou se não temos tudo o que queremos. Eu, me encontrei no caminho do equilíbrio. Tudo tem a sua hora, o seu momento. Faço o possível e impossível para me manter tranqüila, serena, na simplicidade positiva e, com isso, a vida fica mais leve.
5) O que você tem feito pra driblar a crise do mercado fonográfico com a pirataria, jabá e inserção de muitas bandas e artistas ao mesmo tempo? Não driblo nada. Estou bem satisfeita com a minha independência musical e fonográfica. Faço o que quero e ainda existe mercado lá fora pra isso. Faço parte desse mercado que anda sozinho, sem jabá e a pirataria nós chamamos de download. O mercado dos independentes está cada vez maior, funcionando como uma espécie de universo paralelo em meio a essa histeria do mainstream. Acho engraçado que muitos ainda não acordaram para a nova era. Um exemplo disso é o myspace. Estou lá desde o começo do ano passado e só agora um monte de artistas brasileiros começou a usar. A troca de informações se faz necessária com o mercado exterior e não mais por intermédio de uma grande gravadora. Ter o controle de suas próprias negociações é interessante e importante. Tem pra todo mundo no mundo inteiro. Só no Brasil é que as coisas são tão fechadas e bairristas e o que prevalece é o controle dos grandes sob as massas.
8) Você começou com um estilo e depois passeou e conheceu muitos outros gêneros. Qual aquele que você se identificou mais e pretende seguir a diante ? Me identifico bastante com a soul music., mas penso que agora o sentido da palavra soul music está bem mais profundo e vai muito além de um estilo apenas. Vem muito mais do soul, da alma mesmo, do que qualquer outra coisa. Sempre gostei de experimentar estilos diferentes mas que tivessem a ver comigo. Nunca tive medo de nada. Sou uma operária da música e faço o que Ela manda, rs. Vou seguir sempre a minha intuição. Se um dia quiser fazer música de cura, faço e pronto! E olha que não vai demorar muito.
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