ENTREVISTA ESPECIAL : Roberta Campos

A tradução mais pura sobre o amor
Com uma voz doce e suave, Roberta Campos passa, através de suas canções, uma mensagem de como a vida tem que ser encarada


Foto: Eduardo Escariz

Dona de uma voz encantadora, doce e suave e que compõe pelo coração. Estamos falando da mineira Roberta Campos, que atualmente, é uma das cantoras mais badaladas da música brasileira. Há 20 anos na estrada, Roberta curte um casamento perfeito entre o palco e seus inúmeros fãs. Hoje, quando olha pra trás, nem imagina a luta que teve para atingir o sucesso quando tocou em bares, saraus e rodou por aí com seu violão embaixo do braço e seus sonhos na mochila. Ao parar pra pensar, a cantora percebe que, através de sua música, conseguiu conquistas inimagináveis até então. Só pra ter idéia, já são cerca de 18 canções incluídas em trilhas sonoras de novelas, parceria com compositores que admira muito como Erasmo Carlos, Hyldon, Humberto Gessinger, Fernanda Takai, por exemplo, e seus hits no topo das paradas.

Aos 41 anos e cinco álbuns na carreira (sendo 1 EP) e 1 DVD, a cantora estourou no mercado fonográfico nacional após gravar De Janeiro a Janeiro, com Nando Reis, em 2013. Até hoje essa linda interpretação é tocada nas principais rádios do país. Seu primeiro trabalho foi a gravação de um CD independente chamado Para aquelas perguntas tortas, em 2008. O álbum foi produzido inteiramente por Roberta Campos, em seu quarto, da forma mais artesanal possível e logo chegou, com a canção Mundo Inteiro, à Rádio Nova FM de São Paulo. O sucesso foi tanto que rendeu à Roberta Campos sua contratação pela gravadora Deckdisk. Era a porta que ela precisava para entrar e mudar a sua vida.

Em 2010, outra novidade. Dessa vez Roberta chega com o álbum Varrendo a Lua. Esse trabalho fez com que sua careira começasse a decolar de verdade. O CD conta com músicas compostas pela própria cantora e possui a participação de Nando Reis em De Janeiro a Janeiro, que fez parte da trilha sonora da novela Rebelde, da Record, exibida entre 2011 e 2012, e de Sangue Bom, da Globo, em 2013. A canção, como já foi dito, teve bastante repercussão e alcançou a marca de mais de 30 milhões de visualizações na internet e os primeiros lugares nas rádios de todo o Brasil. Em 2012 foi a vez de seu terceiro álbum intitulado Diário de Um Dia. Com produção de Rafael Ramos, gravado no Estúdio Tambor (RJ), esse trabalho veio com mais cordas, menos guitarras e com seu violão de aço, sua marca registrada, na maioria das canções. Compositora nata, Roberta Campos já tinha muitas músicas prontas. Dessas, ela e Rafael escolheram 10 e incluíram 3 inéditas de outros autores como Paulinho Moska, Zélia Duncan/Leoni e Frejat.

Em 2014, Roberta decidiu inovar e lançou um trabalho em formato digital: Maior que o Mundo. Trata-se de um projeto composto por seis músicas. A faixa-título é o nome que ganhou a versão de Roberta para Lego House, de Ed Sheeran. O EP ainda traz Boas Festas, de Assis Valente, José, de Nara Leão e Quando Vai Voltar?, adaptação em português da cantora para Dis, Quand Reviendrás-tu?, de Barbara. No ano seguinte, a artista surge com seu quarto trabalho. Todo Caminho é Sorte lhe rendeu a indicação ao Grammy Latino 2016 na categoria "Melhor Álbum de MPB", trazendo composições próprias, além de regravações de sucessos como Casinha Branca (Gilson e Jordan) e contando com a participação de nomes como Marcelo Camelo e Marcelo Jeneci. Vale destacar que, ainda em 2015, Roberta Campos estreou como escritora com o livro “Tudo o que pertence ao meu futuro e ao seu” (Matrix Editora), reunindo um mix de suas poesias.

A história de Roberta é digna de uma pessoa que sempre acreditou nos seus sonhos e foi atrás para conquistá-los. Essa mineira de cabelos enrolados e com olhos azuis vem de uma cidade bem pequena chamada Caetanópolis, a 40 km de Belo Horizonte. Um lugar simples, onde seus sonhos sempre foram maiores e possíveis na sua cabeça. Muitos foram os obstáculos. Só pra ter idéia, durante a juventude chegou a trabalhar com a tia em uma confecção até decidir se mudar para Belo Horizonte e levar a carreira a sério. Desde os 4 anos, essa menina já se interessava pelas notas musicais. Na infância brincava com as capas dos discos do tio e aos 11 anos ganhou um violão de presente. Aos 18 criou a banda Alpha Band, mas foi em 1999 que iniciou sua carreira profissional sendo vocalista da banda Pop Troti formado também por Lois (bateria), Fred (guitarra) e Geleia (contra-baixo).

Em busca da realização do sonho de se tornar uma cantora mais profissional e completa, a mineira decidiu, em 2004, deixar a sua cidade natal e se transferir para São Paulo. Os obstáculos continuavam grandes. Lá sentiu ainda mais de perto o que era a solidão. Passou por muitas dificuldades e foi aí que começou a usar ainda mais a composição como sua melhor amiga e seu refúgio. O resultado está aí: é apontada como uma das melhores cantoras da nova geração da MPB !

Para coroar esse momento Roberta lançou nesse ano seu primeiro DVD Todo Caminho é Sorte. O título  reproduz o nome do quarto e até então último álbum de estúdio da cantora e compositora, lançado há quatro anos. Esse trabalho traz uma coletânea de seus clássicos como Minha Felicidade, tema da novela global Sol Nascente (2016/17), Abrigo e De Janeiro a Janeiro. No DVD, com duração de mais de uma hora, ainda há espaço para duas inéditas, Todo Dia” e Dois Flamingos, além da releitura de clássicos de outros artistas.

Para falar mais sobre sua vida, seu trabalho e sua música entrevistamos a própria Roberta Campos. Confira, abaixo, esse bate-papo na qual ela mostra o porquê de saber falar de amor como ninguém.

Site Oficial:

http://www.robertacamposoficial.com.br

Marcus Vinicius Jacobson

Reportagem

Entrevista publicada no dia 20/05/2019

1) Roberta, qual o balanço que você faz desses seus 20 anos de carreira ?

São muitas coisas que vivi, conquistei, muitos objetivos alcançados. Eu venho de um lugar onde a cultura sempre foi muito difícil de ter acesso! Eu busquei muito, eu fui muito forte e persistente, tive foco! Hoje celebro uma historia de superação, resiliência e amor! Amo a música, cantar me transcende! Olho para esses 20 anos e fico muito feliz com toda minha história e mais feliz ainda por tudo isso refletir no que sou, na minha escrita, no meu violão, no meu canto!


Foto: Eduardo Escariz

2)Uma de suas principais conquistas na carreira é o fato de ter emplacado sucessivas músicas em trilhas sonoras de novelas. Considera que isso foi essencial para lhe abrir outras inúmeras portas ?

Eu acredito que ter música em novela ajuda muito, te dá uma grande visibilidade, mas não acho que isso seja essencial. Muitas pessoas não tiveram suas músicas em TV e rádio, mesmo assim tem alcançado muitas pessoas! Eu acredito na soma de tudo!

3)O álbum "Varrendo a Lua", lançado em 2010, abriu caminho para a sua carreira. Podemos dizer que esse foi o seu momento mais inesquecível ?

Esse é um álbum muito especial e importante na minha carreira, mas eu considero o "Para Aquelas Perguntas Tortas"(2008), o álbum que me abriu as portas! Eu não tinha muito dinheiro, não tinha como gravar o disco, mas nada me impediu de comprar um equipamento bem básico e fazer tudo, desde a gravação ao encarte do disco! Fui aprender a fazer tudo para fazer minhas canções terem voz! Com essa gravação feita na sala do meu pequeno AP, eu consegui com que a radio Nova Brasil FM, de São Paulo, tocasse uma faixa desse disco. A própria Rádio apresentou meu disco para DECK, minha gravadora ainda hoje, assim chegando ao "Varrendo a Lua", que claro, teve mais expressão. Tive pessoas me ajudando a levar as canções a um público maior!

4)Fale um pouco pra gente sobre sua parceria com Nando Reis, já que sua interpretação de Janeiro a Janeiro, com o referido cantor, ficou brilhante e marcou demais sua carreira.

Eu compus "De Janeiro a Janeiro" em novembro de 1999, ainda morando em Minas Gerais! É uma música que sempre teve uma aceitação muito boa. As vezes tocando em bares, sempre recebia bilhetinhos pedindo que eu cantasse a canção! Sempre acreditei nela e no amor que as pessoas recebem quando a escutam, é bonito de ver! Em 2010 entrei em estúdio e fui gravar "De Janeiro a Janeiro" no meu álbum "Varrendo a Lua", enquanto produzíamos o disco, me deu muita vontade de convidar o Nando para participar desta faixa, cantando comigo! Ele foi muito gentil em aceitar o convite, eternizando esse inesquecível dueto! A música ainda hoje, com 20 anos de idade e 10 anos desse dueto, tem uma grande visibilidade nas redes sociais, nos shows ela é muito esperada! É uma canção atemporal!

5)Você lançou nesse ano seu primeiro DVD na carreira intitulado Todo Caminho é Sorte Ao Vivo. Conte um pouco sobre esse trabalho.

Esse trabalho nasceu da vontade de celebrar os meus 10 anos de carreira discográfica, celebrar a minha vida! Como falei no início da entrevista, eu venho de um lugar e de uma família muito humilde, as coisas que normalmente chegam para as pessoas aos 18 anos de idade, para mim chegaram aos 30. Eu tive dificuldade de ter um bom livro, de ouvir os discos de cantores que eu gostava...né? Lembrei agora que era louca para assistir uma peça de teatro, nem tinha ideia de como era um teatro, o cheio, a luz, o som...Eu busquei muito, mesmo sem saber que eu tinha todas essas dificuldades, porque eu sempre busquei tudo com amor, com otimismo e gratidão! Meu DVD é também a prova de que a gente consegue tudo que quiser e depende da sorte que você com sua busca, proporciona a você, junto com a que existe no seu caminho!

6)Você tem uma voz doce, suave e resgata a essência da música em sua forma de cantar: emocionar quem está ouvindo. Podemos dizer que essa é sua principal marca ?

Eu acho que, junto a meu jeito de cantar e o timbre da minha voz, que de tanto ouvir ser peculiar, eu hoje enxergo isso e vejo positivamente. Além disso, meu jeito de compor também é uma marca. Minhas canções são bem melódicas e minhas letras são simples, diretas e imagéticas. Isso é uma grande característica do meu trabalho também.

7)Em falar nisso, você já afirmou inúmeras vezes que seu violão é seu maior parceiro. Como é essa sua relação com ele ?

Eu amo tocar violão! Se tornou uma paixão aos 5 anos de idade, quando pela primeira vez eu vi meu tio tocar violão e cantar e eu quis muito fazer isso também! Aos 11 anos, com a separação dos meus pais, minha tia me levou até a casa de um vizinho, para que ele me ensinasse o básico, para que eu distraísse minha tristeza. Daquele momento pra frente, o violão sempre me tirou de momentos ruins, me levando a um lugares lindos, me trazendo paz e felicidade! Foi a minha perspectiva de vida, me tirou de muitas coisas que não eram legais e me colocou em várias situações incríveis!


Foto: Eduardo Escariz

 


Foto: Eduardo Escariz

8)Você já demonstrou ser uma ponte entre vários estilos musicais, indo do pop rock, ao folk, à saudosa MPB. Mesmo diante dessa versatilidade, qual gênero mais combina com você e sua voz ?

Eu tenho uma pegada forte do folk, mas tudo que a gente escuta, principalmente mais jovem, influência o que a gente cria! Minha música tem todos esses estilos e acho que essa mistura que a deixa com a cara que tem, sem muita definição, mas ao mesmo tempo um pouco de cada coisa. Eu acho que a minha voz combina com todos esses estilos que você falou, porque eu gosto e me sinto feliz de cantar!

9)Quais seus próximos planos dentro da música ?

Ainda pretendo fazer shows do meu DVD, divulgar ele por aí! Mas nesse tempo, penso em lançar alguns singles e já começo a pensar num novo projeto para o ano que vem. De repente um EP, mas ainda não tem nada definido.

10)Deixe um recado final para todos seus fãs espalhados pelo país a fora.

Agradeço a todos vocêspelo carinho de sempre, pelo amor que sempre recebo de cada um! É um ótimo combustível para continuar sonhando e buscando realizar cada sonho! Muito obrigada !

 

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