ENTREVISTA ESPECIAL :  Teresa Cristina


A nova diva do samba

Teresa Cristina começa a despontar como uma das melhores intérpretes de samba do país

Considerada uma das maiores revelações do genuíno cenário do samba carioca, a cantora e compositora Teresa Cristina vem marcando definitivamente seu nome entre os gandes sambistas brasileiros. Com voz grave e gestos elegantes, ela vem lotando casas de shows da cidade, encantando o público com um repertório do mais puro samba de raiz. O nome de Teresa é figurinha fácil  nos letreiros da Lapa, o bairro que a lançou. Mas para galgar passo a passo esse sucesso, Teresa contou com a ajuda do Grupo Semente (Pedro Miranda, pandeiro e voz; Bernardo Dantas, violão; João Callado, cavaquinho, e Trambique, percussão), que há cerca de 8 anos vem enriquecendo mais e mais a carreira dessa musa da nova geração de sambistas em suas apresentações pela noite carioca.

Carioca, nascida em Bonsucesso, zona norte do Rio, Teresa só começou a cantar aos 26 anos. Ela confessa que nunca esperou ser cantora profissional e que tudo aconteceu muito rápido em sua vida. Começou a participar de rodas de samba no Quintal da Tia Surica, em Madureira, onde cantava sambas de bambas da Portela, como Jair do Cavaquinho, Argemiro da Portela, Casquinha e Monarco. Em 1995, após se apresentar no "CEP 20000", foi convidada por Wilson Moreira para se apresentar na Casa da Mãe Joana. A partir de 1999, a convite de Guaraci da Portela, começou a se apresentar junto com o grupo Semente, na Lapa, centro boêmio do Rio, tornando-se, sem querer, um baluarte do movimento de revitalização da área e do gênero.

Teresa participou também, em 2001, do projeto “O Samba É Minha Nobreza”, idealizado por Hermínio Bello de Carvalho, que, além de shows, rendeu um álbum duplo. Seu debut solo foi outro álbum duplo, com canções de Paulinho da Viola, que a projetaria definitivamente no mercado. A esse seguiu-se o primeiro disco autoral, também recebido muito bem pela crítica, a exemplo da estréia.

Um fato interessante em sua carreira diz respeito à revitalização do samba entre os jovens. Sem dúvida alguma esse fenômeno tem muito do dedo de Teresa Cristina. Carismática e afinada, apresenta seu rico repertório para todas as gerações. Seu mais recente trabalho intitulado  O mundo é meu lugar já vem dando o que falar. Trata-se do primeiro projeto ao vivo cantora. O álbum, gravado no Teatro Municipal de Niterói,  traz sucessos como "Gorjear da Passarada" e "Coração Imprudente", além de músicas de Chico Buarque ("Meu Guri"), Gonzaguinha (Com a Perna no Mundo") e a inédita "Pra Cobrir a Solidão", parceria de Teresa e Zé Renato. Um CD que para quem gosta de samba é um prato cheio.

Mesmo com uma discografia tão curta, Teresa Cristina já tem seu lugar cativo no mundo do samba. Para falar mais sobre a carreira, planos e o novo Cd fizemos uma entrevista especial com ela. Confira, abaixo, na íntegra !


http://www.teresacristinaesemente.com.br

Marcus Vinicius Jacobson

Reportagem

Entrevista publicada no dia 04/10/2005

1) De uns anos pra cá sua vida mudou completamente e o mundo do samba conheceu sua voz. Qual balanço que você faz desses momentos ?

Acabei de lançar meu terceiro trabalho e estou satisfeita. Acredito que meu trabalho com o Grupo Semente vem se aprimorando com o tempo e vejo que ainda temos muito o que fazer daqui pra frente, se Deus quiser.

2) Como começou a surgir a paixão pelo samba ?

Paixão mesmo, a ponto de querer cantar, foi no final dos anos 90. Comecei a pesquisar a obra do Candeia e me apaixonei.

3) A velha Lapa se tornou mais uma vez o "Berço do Samba" embalado por esses belos artistas da noite , que assim como você, suaram a camisa e venceram. Qual a sensação de fazer parte desse movimento ?

É difícil falar de qualquer movimento quando se faz parte dele; até mesmo o entendimento de que o que tem acontecido na Lapa seja realmente um movimento. Eu vejo os bares cheios, muita gente na rua, muita garotada querendo aprender e fico feliz em participar disso.

4) Fale pra gente sobre seu novo álbum.

É um disco ao vivo gravado em maio passado no Teatro Municipal de Niterói. O repertório é formado por canções dos dois trabalhos anteriores e algumas inéditas como as minhas parcerias com Roque Ferreira e Zé Renato.

5) Como você está vendo o mundo do samba atualmente ?

Tudo leva a crer que temos bastantes sementes plantadas, e muitos frutos a colher.

7) Como é a sua relação com o Grupo Semente ?

Nossa relação é baseada na cumplicidade. São oito anos de trabalho suado e muito pouca rotina.

6) Você se incomoda com o pouco espaço que a mídia dá a esse gênero ?

Os jornais estão sempre falando do samba e a televisão, de uma certa forma, também. O mistério são as rádios.

8) Pelos seus trabalhos anteriores parece que você tem uma admiração muito grande por Paulinho da Viola. Quais outros sambistas você tenta buscar a fonte para as suas músicas ?

Não sei se busco no Paulinho inspiração para o meu trabalho. Gosto sim, de misturar ao que faço canções dele. Acho que dá dignidade ao repertório, assim como os sambas de terreiro da Portela.

9) Fale pra gente dos seus próximos planos dentro da música.

Espero poder crescer musicalmente, compor mais, encontrar novos parceiros, acho que é isso.

10) Deixe um recado final para todos os seus fãs espalhados pelo país a fora.

Obrigada pelo carinho de vocês e viva a cultura popular!

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