ENTREVISTA ESPECIAL : Zé Renato

Um artista que abrilhanta a MPB

Seja com seu projeto solo seja ao lado do Boca Livre,  Zé Renato mostra que seu legado vem enriquecendo a música brasileira

Cantor, compositor e instrumentista de primeiríssima qualidade. Assim é Zé Renato, um dos ícones da MPB e que atualmente se destaca no mercado atuando ao lado do inesquecível quarteto vocal Boca Livre e divulgando seu mais recente CD solo, intitulado Breves Minutos. O CD, aliás, pode ser considerado seu primeiro trabalho integralmente autoral devido a complexidade de sua obra que retrata fielmente toda uma história da música brasileira. Zé, sempre bastante humilde naquilo que produz, mostra que faz música com dedicação e respeito aos seus sentimentos. Talvez por isso esteja colhendo os frutos de toda sua extensa carreira que sempre o propiciou conquistas memoráveis. Só pra ter idéia da dimensão de seu trabalho, constam da relação dos intérpretes de suas canções artistas como Zizi Possi, Leila Pinheiro, Lulu Santos, Cris Delanno, Verônica Sabino, Jane Duboc, Tadeu Franco, Jon Anderson, Nana Caymmi e MPB-4, entre outros.

Zé Renato sempre buscou entendimento com a arte e música desde cedo. Aos nove anos de idade atuou em uma peça dirigida por Ziembinski. Na adolescência, começou tocar violão e a compor. Aos poucos foi participando de Festivais. Em 1977, integrou o grupo Cantares, ao lado de Marcos Ariel, entre outros, com o qual lançou um compacto duplo pela Funarte, no ano seguinte, no projeto "Vitrines". Em 1979, formou, com Claudio Nucci, David Tygel e Maurício Maestro, o quarteto vocal e instrumental Boca Livre, com o qual ganhou projeção nacional e gravou vários discos. Para não se afastar de seu projeto solo, foi construindo uma carreira paralelamente ao seu trabalho com o Boca Livre, participando individualmente de vários projetos musicais. Em 1982 lançou Fonte da vida, seu primeiro disco solo, e, no ano seguinte, Luz e mistério. A partir de 1984 começou a atuar em dupla com Cláudio Nucci, com quem lançou o disco Pelo sim, pelo não. Suas canções Pelo sim, pelo não (com Claudio Nucci e Juca Filho) e A hora e a vez (com Cláudio Nucci e Ronaldo Bastos), gravadas nesse disco, foram incluídas na trilha sonora da novela global "Roque Santeiro" e são lembradas até os dias de hoje.

Em 1985 participou da trilha sonora de "O tempo e o vento", minissérie transmitida pela TV Globo, gravando as músicas Rodrigo, meu capitão e Dona Bibiana, de Tom Jobim. Em 1986 formou, com Cláudio Nucci, Ricardo Silveira, Marcos Ariel, Zé Nogueira, Jurim Moreira e João Batista, a Banda Zil, com a qual lançou em 1988 o LP Zil. O disco foi relançado dois anos depois pela Polygram americana nos Estados Unidos, Europa e Japão, acrescido de sua canção Song for a rainforest (com Claudio Nucci), e esteve durante duas semanas na parada de sucessos da revista Billboard. No ano seguinte integrou a banda de Al di Meola, participando da gravação do LP Tiranizo e de turnês pelos Estados Unidos e Europa. Em 1988 lançou Pegadas. Em 1993 formou um trio com Victor Biglione e Litto Nebbia, gravando em Buenos Aires o disco Ponto de encontro, lançado no Brasil pela Leblon Records.

Os anos seguintes foram também memoráveis para sua carreira. Em 96 lançou o CD Natural do Rio de Janeiro, homenageando Zé Keti. Um ano depois apresentou-se, ao lado de Elton Medeiros e Mariana de Moraes, em “Alegria continua”, espetáculo gravado ao vivo e lançado em CD pela gravadora MPB/Warner. Em 1998, realizou turnê de lançamento do CD Boca Livre convida, apresentando-se em diversas capitais brasileiras, no Summerstage Festival de Nova York (EUA) e dividindo o palco com João Gilberto em Miami (EUA), como integrante do grupo. Ainda nesse ano, convidado pelo Governo do Estado do Rio de Janeiro, apresentou-se, acompanhado por uma orquestra de cordas, no espetáculo “Silvio Caldas: 90 anos”, realizado no Teatro João Caetano, O show foi apresentado também no Sesc Vila Mariana (SP), sendo gravado ao vivo e lançado em CD pela Indie Records, com apoio cultural da Funarj.

Em 2000, lançou os CDs Filosofia, contendo canções de Noel Rosa e Chico Buarque e Cabô, no qual registrou sambas de sua autoria, em parceria com Lenine, Pedro Luis e Elton Medeiros, entre outros. Ainda nesse ano, desligou-se do grupo Boca Livre, sendo substituído por Claudio Nucci. Também em 2000, participou, ao lado de Olívia Hime, Lenine, Sérgio Santos e Leila Pinheiro, da “Sinfonia do Rio de Janeiro de São Sebastião”, composta por Francis Hime, com letras de Paulo César Pinheiro e Geraldo Carneiro. O espetáculo, com idealização e roteiro de Ricardo Cravo Albin, apresentado no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, foi gravado ao vivo e lançado em CD e DVD pelo selo Biscoito Fino, com boa repercussão no Brasil e no exterior. Em 2002, gravou, com Wagner Tiso, o CD “Memorial”, homenagem a Juscelino Kubitschek. No ano seguinte lançou o CD Minha praia, contendo canções de sua autoria.

A partir de 2004 seu trabalho começou a ser ainda mais coroado. Zé, nesse mesmo ano, foi contemplado com o Prêmio Rival BR, na categoria Melhor Cantor. Era o gás necessário para alçar novos vôos. E foi assim em 2007 quando lançou o DVD Zé Renato - Ao Vivo, gravado ao vivo na casa Estrela da Lapa (RJ). O espetáculo contou com uma banda formada por Marcos Nimrichter (piano elétrico e violão), Rômulo Gomes (baixo acústico) e Márcio Bahia (bateria), e teve a participação especial de Milton Nascimento, Boca Livre e Zé Nogueira. Um sucesso indiscutível. Em 2008, aproveitando esse embalo, lançou o CD É tempo de amar, produzido por Dé Palmeira, interpretando canções do repertório da Jovem Guarda. Como prova de seu sucesso, em 2010 recebeu indicação para o Prêmio da Música Brasileira, como Melhor Cantor na categoria MPB, pelo álbum Zé Renato ao vivo. Uma merecida lembrança por quem tanto abrilhantou a música brasileira. Nesse mesmo ano, lançou, em parceria com Renato Braz, o CD Papo de passarim, gravado ao vivo no Teatro Fecap (SP). O disco teve produção musical de Homero Ferreira e direção de produção de Memeca Moschkovich e Carolina Gouveia.

Para falar um pouco mais sobre a carreira entrevistamos Zé Renato para nosso Portal. Confira, na íntegra, o bate papo !

Site:

http://www.zerenato.com.br

Marcus Vinicius Jacobson

Reportagem

Entrevista publicada no dia 11/11/2011

1) Qual o balanço que você faz de sua carreira solo até aqui ?

Não tenho do que me queixar, sempre trabalhei (e continuo trabalhando) com o máximo de liberdade possível, fazendo a música que sempre quis fazer.

2) Você construiu sua carreira solo paralelamente ao seu trabalho com o Boca Livre. Como você consegue lidar com ambas funções ao mesmo tempo sem perder a qualidade?

As vezes é difícil conciliar as agendas mas todo sacrifício vale a pena já que são trabalhos indispensáveis na minha vida profissional.

3) Você iniciou sua carreira nos Festivais. Acredita que o mercado está carente desse tipo de evento para a música ?

Não sei dizer, talvez o formato de amostragem competitiva não seja muito atraente hoje em dia, acho que festivais que possam mostrar os novos artistas se misturando com músicos já conhecidos sejam mais interessantes ao meu ver.

4) Claudio Nucci foi um dos seus principais parceiros tanto que 2 de suas músicas estouraram na inesquecivel novela global Roque Santeiro. Como é trabalhar com ele ?

Claudio é excelente cantor/compositor e violonista, tenho muita afinidade com ele e pretendo um dia registrar nosso trabalho num dvd e cd ao vivo.

5) Você também tem uma carreira consolidade no âmbito internacional. Qual o segredo desse sucesso ?

É difícil dizer, eu faço música com dedicação e respeito aos meus sentimentos, o que colho é fruto disso.

6) A música brasileira parece que tem perdido um pouco a sua essência na rádios que tem procurado mais canções comerciais. Como você lida com isso?

Eu não faço música pensando nisso, crio sem me preocupar se tal música vai tocar ou não, além disso hoje existem outras alternativas para divulgação como a internet.

7) Fale pra gente um pouco sobre o novo trabalho intitulado Breves minutos

É um disco autoral, com parcerias recentes e gravado com uma sonoridade básica (violão, baixo acústico, bateria , sax soprano e vibrafone) onde procuramos tocar à vontade da forma mais solta possível, sem fade out com solos indo até o final etc.

8) Como se sente sendo um dos ícones da música brasileira e com um legado importante para ela ?

Não me vejo ícone, mas tenho profundo respeito por aqueles que se interessam pelo meu trabalho e fico sempre torcendo para que o maior número de pessoas possível tenha acesso à música que faço.

9) Quais seus próximos projetos dentro da música ?

Viajar com o show do Breves Minutos e seguir com o Boca Livre que lançará novo trabalho no início de 2012.

10) Deixe um recado final para todos os seus fãs espalhados pelo país a fora.

Agradeço o carinho e desejo um ótimo ano novo para todos e para a música brasileira.

 

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