Introdução:
Olá galera
Estamos de volta com o Curso de Acordeom.
Para administrar esse mini-curso convidamos uma experiente profissional dessa área. Nada
mais nada menos do que Fáthima Rodrigues que já atuou em algumas produções musicais
para teatro.
Esperamos
que todos vocês possam ter paciência com esse mini-curso, visto que o Acordeon é um instrumento bastante dificil
para se aprender online e na Internet somos o
único site a explorar esse assunto.
Fathima Rodrigues
Administradora do Curso
Capítulo 1: História
do Acordeom
Sanfona Brasileira
A sanfona brasileira é
"parente" da concertina inglesa. Denominada acordeon, foi patenteada em Viena,
em 1829, mas só adquiriu teclado 20 anos depois. Chegou ao Brasil, onde o fole de oito
baixos do Nordeste já fazia história, com as imigrações italianas e alemãs e, aos
poucos, foi conquistando povo e elite. Segundo o pesquisador Mário de Aratanha, a elite
musical só aceitou o acordeon a partir de artistas refinados como Chiquinho do Acordeon e
Orlando Silveira que, a partir do choro, espraiou o instrumento em arranjos que abrangeram
vários estilos.
Empenhado em um trabalho que une a sanfona aos instrumentos sinfônicos, Sivuca bate forte
no preconceito: "Eu toco um instrumento bastardo. Ainda era garoto quando Villa-Lobos
foi ao Recife em busca de talentos. Peguei minha sanfona e fui para lá. Quando cheguei,
um menino trompetista me disse que ele não me receberia. Fui embora e perdi a chance de
conhecê-lo. Se tivesse tocado, com certeza teria conseguido a bolsa de estudos",
relembra.
O acordeom foi desenvolvido por volta de
1829 em Viena (Áustria) Cirilus Demian. Anteriormente houveram várias construções mais
rudimentares até o seu aprimoramento. Sua construção foi baseada num instrumento de
sopro chinês chamado Cheng, com o mesmo sistema de palhetas. No século XIX ganhou mundo
depois de passar pelas regiões de Stradella e Ancona na Itália, onde surgiram
importantes fábricas como Paolo Soprani e Scandalli. Logo foi difundido por toda a
Europa. Os primeiros registros da presença do instrumento no Brasil são do tempo da
guerra do Paraguai, por volta de 1864.
Mas ficou popular mais para o final do
século XIX, trazido para o Brasil principalmente pelos imigrantes italianos. Foi um
instrumento feito principalmente para a dança. No campo, os acordeonistas animavam bailes
de aldeia em aldeia por toda a Europa e também no Brasil, principalmente no sul e no
interior. Apesar de sua origem folclórica, o acordeon é capaz de executar qualquer
estilo de música, como também música erudita e música de câmara que era muito comum
nos anos 50, no seu auge, porque era moda executá-lo mesmo na sociedade mais refinada.
O acordeon caíra momentaneamente no
esquecimento com a chegada do rock. No entanto nunca deixou de animar festas e bailes.
Surpreendentemente o mesmo rock que o derrubou vai ajudá-lo na sua reabilitação,
principalmente na França. Atualmente vemos o acordeon reconquistando seu tão merecido
lugar.
O Acordeom
No lado direito do acordeon encontra-se o
teclado possuindo três oitavas, e o campo de registros (timbres de diferentes
instrumentos como fagote, bandoneon, violino, clarineta, flauta, orgão e outros) que
dependerá da potencialidade do instrumento interferindo na sua extensão. O fole é
responsável pela dinâmica e interpretação da música, é através da abertura e
fechamento do fole que trabalhamos a duração da nota , os efeitos de vibrato, a
dinâmica, etc. No lado esquerdo encontram-se os bordões, os baixos, que variam desde 12
baixos para crianças até os profissionais de 120 baixos, também raridades de 140
baixos.
Esses estão distribuídos de acordo com o círculo das quintas. O intervalo entre o baixo
e o contrabaixo é de uma terça maior. Na diagonal os acordes apresentam-se nessa ordem:
maior, menor, sétima e diminuta.
Há dois tipos de acordeom, o diatônico
ou piano apresentado acima, e o cromático apresentando botões dos dois lados, sendo que
no lado direito a disposição dos botões segue a ordem das escalas cromáticas. Além
desses tipos, hoje existe o acordeon de baixo solto que é construído como o campo
esquerdo do piano, sendo possível formar acordes mais sofisticados.
Os livros de história chinesa contam que
por volta de 3000 a.C, durante o reinado do legendário "Imperador Amarelo",
foram feitos diversos inventos. Tais como: o dinheiro, barcos e botes e sacrifícios
religiosos. Huang Ti, o Imperador Amarelo, ordenou que um estudante, Ling Lun, fosse para
para o lado oeste de uma montanha que abrangia o seu domínio a fim de encontrar um meio
de reproduzir o canto de um pássaro denominado fênix. Ling retornou com o Cheng (ou
Sheng).
Entre lenda e realidade, foi o primeiro passo para a criação do acordeon. O Cheng é o
primeiro instrumento de que se tem notícia a utilizar o princípio da vibração de
palhetas, que é base do acordeon. Ele tem entre 13 e 24 tubos de bambu (taquara para os
gaúchos), uma pequena cabaça ( nem tenho idéia do que seja isso ) ligada a uma caixa
que na qual o ar faz vibrar a cabaça. Outros instrumentos usando ésta técnica foram
desenvolvidas no Egito antigo e na Grécia. Virtualmente não modificado através dos
séculos, o Cheng atraiu a atenção de fabricantes europeus de instrumentos musicais e
foi introduzido na Europa por volta de 1777.
Buschman ( Alemanha ), em 1821, baseando-se nele construiu o Handeoline, o qual continha
uma caixa com fole e teclado. Surge o primeiro instrumento realmente parecido com os
modernos acordeões. Em 1829, Cyrillus Damian, um vienense, adicionou acordes aos baixos e
patenteou o novo instrumento como Acordeon. Um impresso de 1835 ( escrito por Adolph
Muller ) listava seis variedades de acordeões, todos diatônicos e nas tonalidades de
Dó, Sól ou Ré. Fatos curiosos foram observados nessa época, existiam modelos em que os
baixos eram acionados pelos pés, em outros era necessária a presença de outra pessoa
para empurrar ar para dentro do instrumento ( ao menos era isso que dizia o texto original
) e outras loucuras do gênero.
A fabricação em grande escala, começou na década de 1860, muitos desses fabricantes
são familiares ainda hoje. Hohner, Paolo Soprani e Stradella foram as pioneiras. O
desenvolvimento continou em passo acelerado, e importantes modificações foram feitas. O
teclado de piano foi introduzido em 1863 facilitando a execução musical. Outra
modificação foi o sistema "Stradella" de baixos, que é o padrão utilizado
hoje em acordeões de todos os tipos que contenham mais de doze baixos. Além disso, o
sistema de "registros" foi um dos grandes denominadores na popularização do
acordeon, ele consiste em teclas que mudam o som do instrumento deixando-o mais pesado (
encorpado ), para as partes mais "entusiasmadas" das músicas, ou mais leve ,
para partes mais "calmas".
Com todos estes adicionais, não é surpresa que o acordeon tenha se popularizado tanto.
Hoje, são tocadas músicas de vários instrumentos nele. Muitos compositores renomados
já se utilizaram-no em concertos, tais como: Tchaikovsky, Berg, Paul Creston, Henry
Cowell, Walter Riegger, Alan Hovhaness, Tito Guidotti, Lukas Foss, James Nightingale,
William Schimmel, Ole Schmidt, Tjorborn Lundquist, Hugo Hermann, Richard Rodney, Bennett
Douglas Ward, Wolfgang Jacobi, Nicolas Tchaikin. Além disso, muitos grupos de rock: The
Beatles, Billy Joel, Neil Diamond, the Rolling Stones, Emerson, Lake & Palmer, Jimmy
Webb, the Beach Boys, Bob Dylan e Nenhum de Nós ( banda gaúcha de rock ).